Resumo

OBJETIVO: Investigar o impacto da alteração mastigatória induzida por um modelo de alimentação macia (em pó), alimentação dura (peletizada) e pela variação desses dois tipos de ofertas alimentares durante o desenvolvimento de camundongos suíços fêmeas, a partir do 21º dia após o nascimento até completarem a idade de 12 meses. MATERIAL E MÉTODOS: 48 camundongos albinos suíços fêmeas foram alojados em gaiolas com ambiente enriquecido (100x50x100 cm), com livre acesso à comida e água e ciclo claro/escuro de 12 horas. Quatro grupos foram formados: grupo de comida em pó (PO, n=12); o grupo de comida peletizada, (PE, n=12); os animais que se alimentaram de comida pelerizada por 6 meses, que depois foi substituída por comida em pó (PE/PO, n=12); e o grupo que foi alimentado com ração peletizada por 4 meses, depois foi alimentado do 4º ao 8º mês com comida em pó, que foi substituida novamente por ração peletizada (PE/PO/PO, n=12). Os animais foram submetidos aos seguintes testes comportamentais durante o ciclo claro: Campo Aberto (CA); e Labirinto Aquático de Morris (WM) que foi analisado pelo programa Any Maze (Stoelting®). Após o teste comportamental 5 animais de cada grupo foram perfundidos e seus cérebros processados para imunohistoquímica de Parvalbumina para análise densitométrica das camadas do hipocampo, com o auxílio do programa ImageJ®. Os dados foram submetidos a ANOVA: um critério (Bonferroni a priori), utilizado o programa BioEstat 5.0, e o valor de significância estabelecido foi p<0.05. RESULTADOS: Não existe diferenças entre os grupos no teste CA. O teste WM revelou que a taxa de apendizado foi maior para o grupo PE/PO/PE, que apendeu o local da plataforma no 2º dia de teste (n=8, 30.23±9.60), seguido pelos grupos PE (3º dia; n=7, 27.44±3.18), PE/PO e PO (4º dia; n=9, 27.09±8.90 / n=9, 24.60±9.35, respectivamente). A densitometria demostrou que, na camada CA1-Oriens e CA1-Radiatum do hipocampo, o grupo PE/PO/PE (Oriens: 0.68±0.03; Radiatum: 0.81±0.02) e PE/PO (Oriens: 0.65±0.06; Radiatum: 0.83±0.03) apresentam mais quantidade de marcação parvalbuminas positivas que os grupos PE (Oriens: 0.45±0.04; Radiatum: 0.73±0.01) e PO (Oriens: 0.49±0.05; Radiatum: 0.73±0.03). CONCLUSÃO: Tomados em conjunto os dados sugerem que a redução da atividade mastigatória afeta o desempenho nos testes de memória espacial sem comprometer a atividade locomotora e que a privação dessa atividade seguida de sua reativação recupera o desempenho cognitivo com taxas de aprendizado superiores àquelas obtidas em testes sem privação. Essa alterações comportamentais não parecem estar diretamente correlacionadas com as alterações induzidas na concentração de parvalbumina no hipocampo medida através de densidade óptica.