SBNeC 2010
Resumo:J.249


Poster (Painel)
J.249EFEITO DA ADMINISTRAÇÃO CRÔNICA DO ÁLCOOL SOBRE AS RESPOSTAS DO NÚCLEO PARAVENTRICULAR DO HIPOTÁLAMO E ÁREAS LÍMBICAS ASSOCIADAS AO ESTRESSE CRÔNICO
Autores:Camila Baldini Mourão (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Beatriz Gomes Garcia (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Mariana Dimitrov Ulian (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Luciana Le Sueur Maluf (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Jackson Cioni Bittencourt (USP - Universidade de São Paulo) ; Isabel Cristina Céspedes (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo)

Resumo

Atualmente a dependência a drogas tem sido relacionada não somente à diminuição dos neurotransmissores de recompensa (dopamina, peptídeos opióides), mas também ao recrutamento do sistema de estresse cerebral, como o fator liberador de corticotrofina (CRF). O CRF esteve por anos, relacionado ao núcleo paraventricular do hipotálamo (PVN) como ativador hipotalâmico do eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal (HPA) na resposta de estresse. Entretanto, tem-se demonstrado que a dependência aguda a drogas de abuso produz aumento no sistema de recompensa, nas respostas de ansiedade e nos níveis de CRF em diversas áreas extra-hipotalâmicas. A perda da função de recompensa e o recrutamento do sistema de estresse cerebral fornecem uma potente base neuroquímica para o processo de motivação responsável pelo reforço negativo que leva à dependência. Este estudo teve por objetivo analisar a imunorreatividade à proteína fos no PVN e áreas límbicas relacionadas ao seu controle excitatório (subiculum e córtex pré-frontal) e inibitório (amígdala, BNST, área pré-óptica), em animais submetidos ao estresse crônico de restrição associado ou não à ingestão crônica de álcool. Foram analisados os aspectos comportamentais de ansiedade e atividade locomotora exploratória através dos testes de Labirinto em Cruz Elevado e Campo Aberto, respectivamente. Ratos Sprague-Dawley adultos machos foram organizados em: 6 animais controle (C), 6 animais submetidos a estresse crônico de restrição por 5 dias (R), e 6 animais foram submetidos ao mesmo padrão de estresse crônico de restrição do grupo R associado à oferta de uma concentração crescente de álcool à dieta através de uma solução adocicada, durante 30 dias, constituindo o grupo (RAL); nos últimos 5 dias deste tratamento os animais foram submetidos ao estresse crônico de restrição. Como resultados, no teste do Campo Aberto não observamos diferenças entre os grupos, portanto sem alterações na atividade locomotora exploratória. No teste de Labirinto em Cruz, os animais do grupo RAL demonstraram maior tempo de permanência no braço fechado em comparação aos outros animais (p<0,05), sugerindo aumento da ansiedade com diminuição da atividade exploratória. À análise da imunorreatividade à proteína fos, o PVN mostrou que esta imunorreatividade não foi alterada pela associação do álcool ao estresse crônico. Das áreas límbicas excitatórias do PVN, o subiculum (memória/ reconhecimento do agente estressor) apresentou menor imunorreatividade no grupo RAL se comparado aos outros grupos e o córtex pré-frontal (interpretação dos estímulos estressantes/ tomadas de decisão) não demonstrou alterações com a presença da oferta do álcool na dieta. Das áreas límbicas inibitórias do PVN, a amígdala (respostas comportamentais imediatas/ ativação simpática aos agentes estressores) do grupo RAL mostrou um perfil de maior imunorreatividade se comparado ao grupo R; o BNST (respostas comportamentais imediatas/ ativação simpática aos agentes estressores) e a área pré-óptica (reprodução) apresentaram padrão semelhante de imunorreatividade entre os grupos R e RAL, maior que o grupo controle. Assim, embora no PVN não se tenha demonstrado uma alteração na resposta de estresse crônico pela presença do álcool, áreas associadas às respostas imediatas e simpáticas ao estresse como a amígdala (inibitória do PVN) demonstraram um perfil de ativação aumentado, enquanto áreas da memória como o subiculum (estimulatória do PVN), apresentaram-se inibidas.


Palavras-chave:  PVN, CRF, Dependência, Áreas Límbicas