SBNeC 2010
Resumo:F.158


Poster (Painel)
F.158Influência do Ambiente Enriquecido Sobre os Hábitos Comportamentais e o Número de Neurônios no Giro Denteado de um Roedor Adulto (Dasyprocta primnolopha).
Autores:Camila Luzia Almeida dos Santos (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Lucidia Fonseca Santiago (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Lorena Melo Guerra (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Nonata Lucia Trevia da Silva (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Cristovam Wanderley Picanço Diniz (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Emiliana Guerra da Rocha (UFPA - Universidade Federal do Pará)

Resumo

Introdução: Contrariamente do que se pensava acerca da natureza estática do cérebro adulto. Estudos têm demonstrado que este é capaz de gerar novos neurônios que podem integrar os circuitos neuronais existentes. Os ambientes enriquecidos de estimulação sensorial e de situações que exigem soluções de problemas, como localização de alimentos, são associados a grandes mudanças morfológicas nas vias sensoriais primárias, nas áreas de associação e no hipocampo. A cutia (Dasyprocta primnolopha), em seu habitat natural, possui o hábito de enterrar alimentos, armazenando-os em buracos dispersos no solo, para posterior utilização. Este comportamento sugere a existência de uma memória espacial notável neste animal. Objetivos: O presente trabalho teve o objetivo de investigar se as diferenças comportamentais impostas pelo ambiente em que os animais habitam se correlacionam às possíveis diferenças estruturais no hipocampo, mas especificamente no giro denteado, observadas nos dois grupos de animais. Métodos: As observações e os registros comportamentais dos animais foram feitos em seus habitats e oito deles, sendo quatro provenientes do biotério da UFPA (ambiente empobrecido) e quatro provenientes do Parque Zoobotânico Emílio Goeldi (ambiente enriquecido) foram utilizados para a estimativa do número de células. A utilização de cutias como animais de experimentação neste trabalho está amparada em licença (n° 14065) obtida através do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e comitê de ética em pesquisa/UFPA. Os dois grupos de animais receberam dose letal de mistura anestésica 3:1 de cloridrato de cetamina (100mg/kg) e cloridrato de xilazina (10mg/kg). Após perfusão com fixador aldeídico e craniotomia, o cérebro foi seccionado no plano coronal em fatias de 70 μm. As secções foram recolhidas em tampão fosfato salina 0,1M, pH 7.4 e submetidas alternadamente a coloração pelo cresil violeta, imunohistoquímica para NeuN e impregnação pela prata. Os neurônios marcados foram identificados utilizando-se um microscópio de fluorescência Nikon Optiphot dotado de transdutores nos eixos x, y e z e acoplado a um microcomputador. A análise estereológica (unilateral) do número total de neurônios foi realizada pelo método do fracionador óptico (Stereoinvestigator, Microbrighfield) e a análise estatística através de teste T bi-caudal para amostras independentes. Resultados: Os dados apresentados no presente trabalho demonstram diferenças comportamentais entre os animais criados em ambiente enriquecido e empobrecido. Essas diferenças comportamentais foram acompanhadas de diferenças no número total de neurônios na camada granular do giro denteado. Os valores médios foram de 324.440 no grupo de animais de ambiente enriquecido e 277.073 nos de ambiente empobrecido. Esses resultados confirmam evidências anteriores de que o ambiente enriquecido tem influência sobre o número de neurônios no giro denteado, possivelmente estimulando neurogênese e astrogênese, revelando a presença de plasticidade hipocampal em cutias adultas. Financiadores: FAPESPA/CNPq, UFPA


Palavras-chave:  Estereologia, Giro denteado, Roedor