SBNeC 2010
Resumo:F.163


Poster (Painel)
F.163Elementos estruturais no reconhecimento visual de palavras multimorfêmicas
Autores:Daniela Cid de Garcia (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Marcus Antonio Rezende Maia (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Aniela Improta França (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo

INTRODUÇÃO e OBJETIVOS Este trabalho descreve um experimento que se propõe investigar o papel do processamento morfológico no reconhecimento de palavras e na organização lexical, verificando se a ativação de uma palavra passa, no momento mais inicial e automático, pela sua decomposição em morfemas. Dessa forma, procuramos contribuir com novas intuições do conhecimento de como as palavras são representadas no léxico mental. Essa discussão tem como base a própria natureza do elemento que deve ser acessado. Qual seria o átomo da ativação lexical: O reconhecimento de uma palavra se dá de maneira direta (modelos não-decomposicionais) ou através da ativação de seus morfemas (modelos decomposicionais). Uma questão importante consiste, portanto, em saber como se dá o acesso às palavras morfologicamente complexas. A possibilidade de responder essa questão requer que se encontre uma resposta convincente para outra pergunta, que diz respeito a qual seria a importância de fatores semânticos e formais nessa ativação. Uma boa caracterização do papel da estrutura morfológica - e da participação de agente semânticos ou formais no processo - levanta aspectos essenciais sobre a organização da faculdade da linguagem. Nesse sentido, a questão teórica central - e a maior dificuldade metodológica - seria determinar se a morfologia constitui um fator independente para a representação e o processamento lexical. METODOLOGIA A fim de verificar, então, o peso dos fatores envolvidos no reconhecimento de palavras - e, mais especificamente, se a morfologia constitui um fator dissociado de semelhança fonológica e semântica - utilizou-se como metodologia um experimento de priming com decisão lexical, em que se testou a relação entre prime e alvo em quatro contextos: (1) prime e alvos relacionados morfologicamente (FILA-fileira); (2) prime e alvo com relação apenas semântica (ORDEM-fileira); (3) prime e alvo com relação apenas fonológica (FILÉ-fileira); (4) controle: prime e alvo sem nenhuma das relações anteriores (MATO-fileira). Nossa hipótese é de que haveria facilitação mais expressiva na condição morfológica, devido à identidade de raízes. RESULTADOS Os resultados apontam para uma participação da morfologia dissociada de fatores formais e semânticos. As três condições foram comparadas à condição controle e apenas a morfológica apresentou diferença significativa (t(254)=2,5; p<0.05). CONCLUSÃO Essa facilitação expressiva de palavras morfologicamente relacionadas favorece os modelos de decomposição plena e sugere uma estruturação do léxico mental que é de ordem morfológica. Como as condições fonológica e semântica não diferiram da condição controle, foi possível estabelecer um papel distinto para a morfologia no reconhecimento de palavras, que não pode ser confundido com uma mera associação de semelhança formal e semântica.


Palavras-chave:  acesso lexical, Morfologia Distribuída, priming, psicolinguística