SBNeC 2010
Resumo:B.079


Poster (Painel)
B.079MORFINA PROTEGE FRENTE À MORTE CELULAR PROVOCADA POR MERCÚRIO?: RESULTADOS PRELIMINARES EM GLIOMA.
Autores:Allan Malaquias (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Mauro Almeida (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Luiz Antonio Maués (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; José Luiz Martins do Nascimento (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Anderson Manoel Herculano (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Maria Elena Crespo-lópez (UFPA - Universidade Federal do Pará)

Resumo

O mercúrio é um dos contaminantes ambientais mais perigosos que existem cujo órgão-alvo é o sistema nervoso central (SCN). Na Amazônia, o acúmulo desse metal tem como conseqüência a deteção de níveis de mercúrio em humanos acima dos limites preconizados pela Organização Mundial de Saúde. Os efeitos deletérios do mercúrio em nível celular são observados principalmente na deficiência do sistema antioxidante. Esse desequilíbrio gerado é chamado de estresse oxidativo e caracterizado pela presença de espécies reativas de oxigênio responsáveis por danos às macromoléculas presentes na célula e peroxidação lipídica das membranas. A ocorrência de estresse oxidativo no SNC é diretamente relacionada com doenças crônico-degenerativas e pode ser agravada ou minimizada pelo uso de agentes que interfiram no sistema antioxidante celular, como exemplo, alguns medicamentos. Nos últimos anos, fármacos como a morfina que tendem a acumular-se no SNC têm sido relacionados com alterações no estresse oxidativo celular. Este opióide se constitui até hoje como à principal opção terapêutica para o tratamento de dor moderada à intensa, sobretudo de natureza oncológica. No entanto o papel da morfina no estresse oxidativo não é bem conhecido: alguns autores atribuem um perfil pró-oxidante, enquanto outros grupos de estudo demonstram indícios como protetor antioxidante, por mecanismos ainda não elucidados. Assim, este trabalho se propôs estudar a influência da morfina sobre o processo deletério gerado por intoxicação mercurial na linhagem de células do SNC C6. As culturas foram expostas a concentrações crescentes de metilmercúrio (MeHg) (0-10 µM) e/ou morfina 1 µM por um período de 24 horas a 37°C e 5% CO2. Para determinação de viabilidade celular foi utilizado o método do MTT. Para análise estatística, os testes selecionados foram ANOVA e teste post hoc de Tukey, sendo considerados valores abaixo de 0,05 como significativos. As culturas de glioma C6, quando expostas a MeHg nas concentrações de 5 e 10 µM, tiveram a viabilidade significativamente reduzida a 75,93±1,43% e 30,76±3,31% em relação ao grupo controle. A curva dose-resposta para as culturas de C6 indicou uma LC50 de 8,17 µM. Interessantemente, a morfina demonstrou um evidente papel protetor evitando completamente o efeito deletério de 5 µM de MeHg em esta linhagem (viabilidade celular de 104,93±2,51% em relação ao grupo controle). Quando as células foram expostas a co-tratamento com morfina e 10 µM de MeHg, a viabilidade celular mostrou uma tendência ao aumento em relação ao grupo incubado só com MeHg que não foi significativo. Conclusão: Doses terapêuticas de morfina são capazes de proteger totalmente do efeito deletério de 5 µM de MeHg (concentrações de 2,5 a 10 µM de MeHg no cérebro já foram associadas ao atraso no desenvolvimento psicomotor em crianças e adultos). Baseando-se na literatura, o provável mecanismo celular de este efeito seria a proteção antioxidante exercida pela morfina. No entanto, serão necessários estudos mais detalhados sobre o mecanismo molecular para estabelecer exatamente como a morfina é capaz de essa potente proteção frente ao mercúrio.


Palavras-chave:  estresse oxidativo, glia, mercúrio, morfina, viabilidade celular