Resumo

Introdução: Distúrbios do sono estão se tornando um dos maiores problemas da saúde pública mundial, causando sérias conseqüências, como detrimentos cognitivos, aumento no risco de desenvolvimento de patologias e inclusive prejuízos na forma como as pessoas se inter-relacionam na sociedade. Usualmente os estudantes universitários exibem um padrão irregular do ciclo sono-vigília, devido às demandas acadêmicas e os padrões de aulas. Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar o padrão de sono-vigília de estudantes com diferentes esquemas de aula. Métodos: Todos os voluntários (n= 88) preencheram uma ficha com informações pessoais. Os estudantes também responderam o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh (IQSP), a versão em português do questionário de Cronotipo de Horne e Östberg (HO), o questionário a Saúde e o Sono e a escala de sonolência de Epworth (ESE). O estudo foi feito de forma transversal (n1) e longitudinal (n2). O ritmo de atividade de 24 (n1= 24 e n2=5) voluntários foi monitorado por actímetros com 2min de intervalo, por 14 dias. Neste período os voluntários preencheram o diário do sono. Durante o experimento os alguns estudantes tinham aulas às 8h (n=41 e n2=30) e outros às 7h (n1= 47 e n2=30). Resultados: No estudo longitudinal os voluntários foram 13 mulheres e 17 homens (19,73±1,91 anos). Os alunos apresentaram um IQSP maior durante as aulas às 7h (5,03±2,15) do que às 8h (6,83±2,11) e essa diferença foi significante (p<0,001). Os dados dos questionários no período de aula às 7h exibiram diferenças entre semana e fim de semana para hora de deitar (p<0,001) e hora de acordar (p<0,001), já no período de aula às 8h as diferenças foram na hora de deitar (p<0,001), hora de acordar (p<0,001) e tempo na cama (p<0,019). Comparando as medidas repetidas desse grupo encontra-se diferença apenas na hora de acordar na semana (p<0,001). Para os dados de actimetria encontram-se diferenças entre semana e fim de semana durante as aulas às 7h na hora de deitar (p<0,027) e hora de acordar (p<0,008). Com aulas às 8h a diferença encontrada foi no tempo na cama (p<0,028). Entre as medidas repetidas não foi encontrada nenhuma diferença. No estudo transversal os voluntários foram 40 mulheres e 48 homens (20,18±2,06 anos). Os alunos apresentaram um IQSP maior durante as aulas às 7h (6,64±2,18) do que às 8h (5,33±2,45) e essa diferença foi significante (p<0,015). Os dados dos questionários no período de aula às 7h exibiram diferenças entre semana e fim de semana para hora de deitar (p<0,001), hora de acordar (p<0,001) e tempo na cama (p<0,001), para o período de aula às 8h as diferenças foram na hora de deitar (p<0,001), hora de acordar (p<0,001) e tempo na cama (p<0,018). Comparando os grupos encontram-se diferenças na hora de acordar na semana (p<0,001), tempo na cama semana (p<0,001) e fim de semana (p<0,006) e no padrão de expansão e restrição (p<0,031). Para os dados da actimetria encontram-se diferenças entre semana e fim de semana durante as aulas às 7h na hora de deitar (p<0,001), na hora de acordar (p<0,001) e no tempo na cama (p<0,008). Com aulas às 8h a diferença encontrada foi na hora de acordar (p<0,014). Entre os grupos a diferença encontrada foi na hora de acordar no fim de semana (p<0,015). Conclusão: Os resultados mostram que todos os estudantes apresentam padrão de ciclo sono-vigília irregular. Além disso, acordar para aula às 7h provoca maior irregularidade e pior qualidade no sono.