SBNeC 2010
Resumo:D.014


Prêmio
D.014EFEITO DE LESÃO PERIFERICA E CENTRAL NA PROLIFERAÇÃO DE CÉLULAS PRECURSORAS DA ZONA SUBVENTRICULAR NO CÉREBRO DE RATOS ADULTOS
Autores:Ana Cristina Machado Leão (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Raquel Maria Campos (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Marco Antônio Cavalcante Garcia (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Edgar Norio Taka (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; André Salles Cunha Peres (USP - Universidade de São Paulo) ; Cláudia Domingues Vargas (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Cecilia Hedin Pereira (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo

A neurogênese persiste em nichos específicos no adulto: a zona subventricular (SVZ) e o hipocampo, onde novas células participam de circuitos neurais preexistentes. Nesse trabalho investigamos se uma lesão periférica e uma lesão central afetam a neurogênese na SVZ. A segunda atinge diretamente prolongamentos axonais de neurônios córtico-espinhais. Ambas as lesões promovem plasticidade dos mapas sensório-motores no córtex cerebral. Ratos adultos tiveram o nervo ciático esmagado unilateralmente e receberam 3 injeções de BrdU (50mg/kg) 1, 2, 3 ou 7 dias após lesão para marcar as células em proliferação, e foram sacrificados 2h após a última injeção. A quantificação de células BrdU positivas foi feita em cortes coronais de regiões anteriores (Bregma 1.20--0.26mm) e posteriores (-0.30--0.92mm) do cérebro. Todas as células que incorporaram BrdU nas paredes laterais dos ventrículos laterais foram contadas em cada corte analisado. Para testar a efetividade da lesão no nervo periférico, os animais foram submetidos a TMS (transcranial magnetic stimulation), técnica não invasiva que possibilita avaliar lesão e regeneração. Quando aplicada em uma área motora do córtex, estimula os músculos inervados pelas áreas ativadas. Registrou-se por eletromiografia, potenciais evocados motores (MEPs, do inglês motor evoked potential) no músculo gastrocnêmio, inervado pelo nervo ciático e nos isquitibiais, usados como controle. Comparamos (ANOVA one-way) as contagens dos grupos experimentais (n=4/grupo) com um grupo de animais falso-operados (n=5). Diferenças estatísticas foram encontradas quando computamos o número de células BrdU+ contadas em cada corte/grupo 1 e 7 dias após a lesão (P<0,001). Um dia após verificamos mais células BrdU+ tanto na SVZ anterior quanto na SVZ posterior em comparação aos controles (SVZant: P<0,001; SVZpost: P<0,001). Após 7 dias apenas a SVZ posterior mostrou aumento de BrdU+ (P<0,001). Para testar o efeito da lesão central na proliferação da SVZ, ratos foram submetidos a uma compressão na medula espinhal em T9, com um clipe vascular, gerando lesão moderada e incapacidade de mover as patas traseiras. Os controles foram apenas laminectomizados. Duas horas após a cirurgia, os animais receberam uma injeção intraperitoneal de BrdU. Outras injeções foram dadas diariamente, até o dia da perfusão, no 1º, 3º ou 5º dia após a lesão. A lesão medular foi caracterizada histologicamente e o desempenho motor do animal avaliado pelo teste BBB, que pontua o animal de acordo com sua habilidade motora, conferindo maior pontuação ao animal normal. A quantificação de BrdU foi feita como nos grupos de lesão periférica. Verificamos que animais submetidos à lesão medular apresentaram maior número de células proliferativas em ambas as regiões anterior e posterior nos animais sacrificados 5 dias após a lesão quando comparados aos controles (P<0,01). 3 dias após a lesão este aumento foi verificado somente na SVZ anterior (SVZant: P<0.0001; SVZpost: P=0.29). Nossos resultados sugerem que o modelo de lesão periférica modula a proliferação celular na SVZ 1 dia após a lesão, correlacionando-se com o período agudo de lesão do nervo ciático, como mostrado pelo TMS. A lesão medular também aumenta a proliferação celular já após 3 dias, correlacionando com o início da melhora observada no teste funcional. Concluímos que a proliferação celular na SVZ é modulada em ambos os modelos de lesão.


Palavras-chave:  neurogênese, lesão medular, lesão periférica