SBNeC 2010
Resumo:E.043


Poster (Painel)
E.043INIBIÇÃO COMPORTAMENTAL EM HUMANOS: CORRELATO NEUROENDÓCRINO E DE PROPENSÃO PARA REAÇÕES DE IMOBILIDADE TÔNICA FRENTE AO PERIGO DE VIDA.
Autores:Thaís de Medeiros Gameiro (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Ana Carolina Ferraz Mendonça de Souza (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Nastassja Lopes Fischer (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Evandro Coutinho (FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz) ; Ivan Figueira (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Vivian Mary Barral Dodd Rumjanek (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Eliane Volchan (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo

Objetivos: A vulnerabilidade ou resistência ao estresse é dependente de diversos fatores individuais, como traços de personalidade e predisposições genéticas. Uma das mais importantes respostas fisiológicas incitadas por estímulos estressantes é a ativação do eixo HPA, cujo principal produto são os glicocorticóides. Vários estudos têm demonstrado uma relação entre glicocorticóides e respostas de medo em contextos aversivos. Níveis elevados desses hormônios parecem estar associados com maiores respostas de imobilização, frente a uma situação de perigo, como freezing e imobilidade tônica. O traço de inibição comportamental vem sendo associado a maiores respostas de ansiedade e medo, e com elevados níveis basais de glicocorticóides. Além disso, sugere-se que o traço de inibição poderia estar relacionado a uma maior predisposição do indivíduo a apresentar reações de imobilização, frente a uma situação de perigo. No presente estudo, tivemos como objetivo verificar se o traço de inibição comportamental poderia estar relacionado com os níveis basais de cortisol e com reação de imobilidade tônica durante uma situação vivenciada de risco de vida. Métodos: Participaram do estudo, 137 universitários de ambos os sexos, com idade entre 18 e 33 anos. O experimento consistiu na coleta de uma amostra de saliva, utilizada para aferir os níveis de cortisol, e no preenchimento de questionários padronizados. A dosagem do cortisol salivar foi realizada através da técnica de enzimaimunoensaio, nas amostras dos voluntários que preenchiam critérios de inclusão para este parâmetro. Para mensurar o traço de inibição comportamental utilizou-se uma versão adaptada da escala BIS/BAS. Quatro questões (com likert de 1 a 6), extraídas do questionário TIS-C (Behav Res Ther. 43:1157, 2005), aferiram o grau de imobilidade tônica peritraumática. O histórico de traumas envolvendo risco de vida foi acessado através de escala padronizada. A análise estatística empregou correlação não-paramétrica de Spearman. Valores de p menores que 0,05 foram considerados como estatisticamente significativos. Resultados: Observamos uma correlação positiva entre os níveis basais de cortisol e o traço de inibição comportamental (R= 0,27; p<0,05; N=83). Verificamos nos participantes com histórico de trauma que o relato de imobilização em resposta ao evento traumático estava positivamente correlacionado com o traço de inibição comportamental (R= 0,40; p<0,05; N= 101). Conclusões: Estes resultados demonstram que indivíduos com alto traço de inibição comportamental apresentam maiores níveis basais de cortisol e são os que mais relatam reações semelhantes à imobilidade tônica frente a situações de risco de vida. Entender os diferentes perfis de comportamento e de ativação fisiológica frente a uma situação estressante torna-se cada vez mais importante uma vez que estratégias distintas de enfrentamento estão associadas ao desenvolvimento de diferentes patologias relacionadas aos efeitos deletérios do estresse. Agências de fomento: CNPq,CAPES,FAPERJ,FINEP e CNC


Palavras-chave:  Cortisol, estresse, humanos, imobilidade tônica, inibição comportamental