SBNeC 2010
Resumo:F.151


Poster (Painel)
F.151Estudo psicofísico do desempenho em tarefas de sincronização sensório-motora e produção de ritmo em contexto sensorial auditivo ou visual
Autores:Thenille Braun (USP - Universidade de São Paulo) ; José Thales Sena Rebouças (USP - Universidade de São Paulo) ; Ronald Ranvaud ()

Resumo

Objetivos: O objetivo central da presente pesquisa foi verificar se há diferenças na precisão de batidas regulares do dedo acompanhando estímulos externos sonoros ou luminosos. A hipótese testada é que o sistema auditivo seja mais eficaz do que o sistema visual para guiar movimentos rítmicos. Para esse fim, buscou-se medir a variabilidade da batida do dedo em duas condições: (a) acompanhando estímulos isocrônicos sonoros ou luminosos; (b) na continuação da tarefa de manter o ritmo, depois de interrompida a apresentação desses estímulos. Método: Participaram desta pesquisa 11 voluntários (5 homens e 6 mulheres, com idade de 23 ± 3,4 anos, destros e sem formação musical formal). O experimento consistia nas tarefas de sincronização de batidas do dedo a estímulos isocrônicos externos sonoros ou luminosos, durante 30 segundos, e de manutenção do padrão rítmico assim estabelecido, por mais 30 segundos, mesmo na ausência das pistas externas. Os estímulos eram sons de 1000 Hz com 20 ms de duração, ou círculos vermelhos subentendendo 1,8° de ângulo visual, luminância de 25 cd/m², duração de 20 ms, com intervalos de 180 ms, 380 ms ou 780 ms, organizados em blocos distintos, apresentados aleatoriamente. Todos os procedimentos obedeceram às recomendações éticas do CONEP, resolução nº 196. Resultados: Os desvios padrão dos intervalos entre batidas sucessivas do dedo na sincronização a estímulos isocrônicos sonoros foi significativamente menor que a estímulos luminosos (p = 0,005). Constatou-se que tal diferença se manteve mesmo na continuação da tarefa depois que as pistas sonoras ou luminosas foram retiradas. Surpreendentemente, a estabilidade das batidas na fase de continuação do ritmo, depois da suspensão das pistas externas, foi significativamente melhor que na fase de sincronia às pistas externas (p 〈 0,004). Outro resultado interessante é que o coeficiente de variação manteve-se estável (aproximadamente 5%) em todas as situações experimentais estudadas, isto é, o desvio padrão variou proporcionalmente ao período dos estímulos. Conclusões: Os resultados obtidos neste estudo confirmam a hipótese de que a percepção e produção de ritmo são mais fortemente ligadas ao sistema auditivo que ao sistema visual, pois a sincronização sensório-motora mostrou-se menos variável a estímulos sonoros que a estímulos luminosos. A maior estabilidade na ausência de pistas sonoras ou luminosas faz pensar em ressonâncias entre referências externas e internas, de modo que a referência temporal externa interfira nas referências internas de sincronização motora. Finalmente, os dados de proporcionalidade entre a variabilidade dos intervalos entre batidas sucessivas, sugerem que o relógio interno depende de mecanismos de acumulação para o processamento de informações temporais.


Palavras-chave:  Audição, Percepção de ritmo, Produção de ritmos, Sincronização sensório-motora, Visão