Resumo

Muitas espécies usam a luz ultravioleta (UV) em vários comportamentos, como os ligados à alimentação e reprodução. O peixe dourado (Carassius auratus) possui sensibilidade pronunciada ao UV, em função da existência de fotorreceptores com sensibilidade máxima na faixa do UV em sua retina. Entretanto, pouco se sabe a respeito do processamento retiniano dos sinais oriundos destes fotorreceptores. O objetivo deste trabalho é investigar a origem das respostas à luz UV de células horizontais ligadas a cones. Para testar se estas células recebem entradas dos cones UV, nós registramos suas respostas com eletrodos intracelulares e realizamos experimentos de adaptação cromática em células mono- e bifásicas. Embora células horizontais mono- e bifásicas ligadas a cones sejam sensíveis a estimulação na faixa do UV, não houve evidência de entrada pronunciada de fotorreceptores UV para as mesmas. Suas respostas à luz UV advêm de outros tipos espectrais de cones em animais adultos. Esse resultado aponta para as possibilidade de cones UV contatarem preferencialmente células trifásicas, o que contradiz a hipótese de que todos os cones contatam todas as células horizontais. Por outro lado, nós também encontramos entradas de cones S para células monofásicas, o que por sua vez favorece a idéia de promiscuidade de contatos. Juntos, esses resultados sugerem que ou os cones UV possuem um grupo mais restrito de células pós-sinápticas do que os outros tipos espectrais de cones, ou que a entrada para células mono- e bifásicas é irrisória nessas condições experimentais. Apoio Financeiro: FAPESP, CNPq, FINEP.