SBNeC 2010
Resumo:B.011


Prêmio
B.011DEGENERAÇÃO DE FOTORRECEPTORES EM MODELO MURINO DE RETINOSE PIGMENTAR: PARTICIPAÇÃO DA VIA DA ERK
Autores:Bruno de Souza Gonçalves (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro) ; Luciana Barreto Chiarini (UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Resumo

Objetivos Dentre muitas doenças que levam à cegueira em humanos destaca-se a retinose pigmentar. Ao lado da catarata e do glaucoma congênito, a retinose pigmentar está entre as principais causas de cegueira a nível mundial, sendo o principal motivo de cegueira na população economicamente ativa. A retinose pigmentar leva à perda visual por causar a morte dos fotorreceptores da retina, neurônios responsáveis pela detecção da luz. Portanto, estudar os mecanismos responsáveis pela morte dos fotorreceptores retinianos é de extrema importância para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas. Metodologia Para o estudo de mecanismos que regulam a morte de fotorreceptores, utilizamos o camundongo rd1 C3H-HeJ, um modelo murino de retinose pigmentar aceito pela literatura. Trata-se de um animal homozigoto para a mutação no gene que codifica a subunidade β da fosfodiesterase de GMPc (Pdebrd1). Esta é uma das mutações mais comuns associadas à retinose pigmentar autossômica recessiva em humanos, fazendo deste camundongo um importante modelo de estudo. A mutação leva ao acúmulo do segundo mensageiro GMPc no citoplasma que, de forma ainda não totalmente elucidada, leva à morte dos fotorreceptores, aparentemente por apoptose. Mutações no mesmo gene foram encontradas em formas autossômicas recessivas de retinose pigmentar em humanos. Monitoramos a progressão da degeneração da camada de fotorreceptores in vitro e in vivo nestes animais através de dois parâmetros: a medida da espessura relativa da camada de fotorreceptores e a execução da técnica de TUNEL, que é um indicador de apoptose por detectar fragmentação de cromatina. Para o controle dos experimentos com os animais mutantes rd1 utilizamos os camundongos selvagens C57-Bl6. Resultados Observamos que sob nossas condições experimentais a degeneração da camada de fotorreceptores destes camundongos se inicia em média por volta do décimo quinto dia pós-natal, progredindo rapidamente durante os dias subseqüentes, de forma que por volta do vigésimo dia somente uma única fileira de células é observada. Notamos um progressivo aumento dos níveis da MAP cinase ERK fosforilada concomitante com o período de degeneração da camada de fotorreceptores. Além disso, quando inibimos farmacologicamente a ativação da ERK, conseguimos retardar esta cinética de degeneração. Todavia, para nossa surpresa, ERK fosforilada foi detectada nas células da glia de Müller e microglia, mas não nos fotorreceptores. Observamos também uma evidente e sugestiva proximidade espacial entre a microglia e os fotorreceptores em degeneração nos camundongos C3H-HeJ. Conclusões Nossos experimentos mostraram que a via da ERK possui papel pró-apoptótico neste modelo, e que o conteúdo de sua forma fosforilada encontra-se nas células da glia de Muller e microglia, não sendo visível nos fotorreceptores. Notamos também uma sugestiva correlação entre a posição de microglia ativada, identificada pela morfologia mediante marcação para CD11b, e a localização da marcação para TUNEL nos primeiros dias de degeneração da ONL. Concluindo, os dados nos permitem sugerir que o aumento dos níveis de p-ERK nas células da glia de Müller e possivelmente microglia teria um papel crucial no mecanismo de morte celular dos fotorreceptores no camundongo rd1, modelo murino de retinose pigmentar.


Palavras-chave:  Retinose pigmentar, Apoptose, ERK, Glia de Müller, Microglia