Resumo

Objetivos: A sensibilização dolorosa observada na lesão, aguda ou crônica, das articulações sinoviais envolve a formação de agentes pró-inflamatórios locais, incluindo espécies ativas de oxigênio. Estudos prévios demonstram a influência da manipulação articular vertebral (MAV) na regulação de agentes pró-inflamatórios sistêmicos, além da redução dolorosa relatada pelos pacientes. Desta forma, possíveis influências no perfil oxidativo de indivíduos tratados com MAV podem ser sugeridas. O presente estudo pretende demonstrar a possível relação do efeito analgésico da MAV com parâmetros de estresse oxidativo. Métodos: Vinte e dois homens com cervicalgia (entre 21 e 50 anos), normotróficos, sedentários, não fumantes, sem patologias associadas e sem tratamento coadjuvante foram submetidos a seis sessões de MAV. Antes da primeira sessão e ao final da terceira e última sessões, responderam à Escala Visual de Dor (EVD) e ao Índice de Disfunção Relacionado ao Pescoço (IDP). Amostras de sangue foram coletadas nestas mesmas sessões para determinação de marcadores periféricos de estresse oxidativo. Dano a lipídios foi verificado pela técnica de quimiluminescência em eritrócitos e o dano a proteínas pela medida de carbonilas em plasma. Entre as defesas antioxidantes, foram analisadas as enzimas superóxido dismutase (SOD) e catalase em eritrócitos. As medidas em sangue foram analisadas por ANOVA de medidas repetidas, seguida do teste de Bonferroni e os dados referentes à EVD analisados pelo teste de Friedman, seguido do teste de Bonferroni. O teste t de student foi utilizado para determinar diferenças significativas no IDP, antes e ao final do período de tratamento. As diferenças foram consideradas significativas quando P < 0,05. Resultados: A intensidade dolorosa percebida pelos pacientes reduziu significativamente após seis sessões de MAV, um ponto na EVD para dor de intensidade média e um ponto e meio na dor de intensidade máxima relatada pelos pacientes. A disfunção relacionada ao pescoço teve redução de 15% em relação ao início do tratamento. A lipoperoxidação e o dano protéico sanguíneo não sofreram modificações. A SOD manteve sua atividade ao longo do período estudado. Contudo, ocorreu aumento significativo na atividade da enzima catalase durante (37%) e ao final (52%) do período de tratamento em comparação ao valor inicial, sem tratamento. Conclusão: A manipulação articular vertebral promoveu analgesia e redução da disfunção relacionada ao pescoço, além de aumento nos níveis sistêmicos da atividade da enzima catalase, sugerindo uma possível influência deste tratamento em parâmetros de estresse oxidativo. Mais estudos devem ser realizados para uma melhor compreensão dos efeitos analgésicos da manipulação articular vertebral.