SBNeC 2010
Resumo:C.049


Poster (Painel)
C.049Repercussões visuais da exposição ocupacional a solventes orgânicos: visão cromática e acromática
Autores:Thiago Leiros Costa (IP-USP - Instituto de Psicologia USP) ; Mirella Telles Salgueiro Barboni (IP-USP - Instituto de Psicologia USP) ; Ana Laura de Araújo Moura (IP-USP - Instituto de Psicologia USP) ; Mirella Gualtieri (IP-USP - Instituto de Psicologia USP) ; Dora Fix Ventura (IP-USP - Instituto de Psicologia USP)

Resumo

Objetivo Avaliar visão cromática e acromática em um grupo de frentistas expostos cronicamente a uma mistura de solventes orgânicos. Método Foram aplicados os testes de ordenamento e discriminação de matizes, campo visual e sensibilidade ao contraste espacial de luminância em 11 frentistas (8 homens, M=35,9 anos, DP=7,8) e 11 controles sem histórico de exposição crônica a solventes (5 homens, M=34,4 anos, DP=8,1). As concentrações urinárias de ácido hipúrico (metabólito do tolueno, M=0,2 g/g; DP=0,1) e metil-hipúrico (metabólito do xileno, M=0,1 g/g; DP=0,02) e o tempo de trabalho (M=10,1 anos; DP=4,8) foram utilizados como indicativos da exposição dos frentistas. As concentrações dos metabólitos mostraram-se dentro dos níveis de referência e abaixo do IBMP (Índice Biológico Máximo Permitido) em todos os participantes. Os participantes foram submetidos a exame preliminar para descartar a existência de doenças oftalmológicas, e quando necessário, corrigir a acuidade para 20/20. Todas as medidas foram realizadas monocularmente com olho escolhido ao acaso. Limiares para discriminação de cores nos eixos protan, deutan e tritan, além de uma elipse de McAdam foram medidos com o software Cambridge Color Test 2.0 (CCT). O ordenamento de matizes foi avaliado com o teste Lanthony D15-d. O campo visual foi avaliado com o campímetro automático de Humphrey II-750i, algoritmo SITA, estratégia central 24-2. A sensibilidade ao contraste espacial de luminância foi avaliada no software Metropsis, a partir do método da escolha forçada para as frequências de 0,2; 0,5; 1,0; 2,0; 5,0; 10,0 e 20,0 cpg. Os escores do grupo de frentistas e do grupo controle foram comparados pelo teste U de Mann-Whitney. Resultados No teste de discriminação de cores, CCT, os limiares dos frentistas foram mais altos que os dos controles para os eixos deutan (p<0,01) e tritan (p=0,02) e a área da elipse foi maior (p<0,01) No teste de ordenamento de matizes houve maior número de erros de ordenamento para os frentistas relativo aos dos controles (p<0,01). Para a perimetria e sensibilidade ao contraste, frentistas e controles foram agrupados em duas faixas etárias (20-35 anos e 36 -50 anos), pois, o desempenho nos testes mostrou correlação significativa com a idade em grande parte das medidas. Na faixa etária de 20-35 anos (N=12), houve diferenças significativas entre os grupos na sensibilidade ao contraste (p<0,05 em todas as freqüências espaciais) e na perimetria (p=0,02 para excentricidade de 9° e valor de MD). Na faixa etária de 36-50 (N=10), houve diferenças significativas entre os grupos na sensibilidade ao contraste (p<0,05 para 0,2; 10 e 20 cpg) e na perimetria (p<0,04 para excentricidades de 15°, 21° e valor de MD). A análise da correlação entre tempo de exposição e desempenho visual pelo teste de Spearman não foi estatisticamente significativa na grande maioria dos testes, tendo como exceção apenas a sensibilidade da fóvea (R=-0,73; p <0,01) e excentricidade de 9°(R=-0,66; p=0,02) na perimetria. Conclusões Como todos os participantes apresentavam concentração de metabólitos de solventes abaixo do IBMP, os resultados preliminares aqui apresentados sugerem que a exposição crônica a solventes orgânicos dentro dos limites ocupacionais provoca alterações no processamento visual de luminância e cor.


Palavras-chave:  campo visual, intoxicação ocupacional, solventes orgânicos, visão de contraste, visão de cores