SBNeC 2010
Resumo:F.106


Poster (Painel)
F.106Nomeação e repetição por crianças com paralisia cerebral: uma análise fonética.
Autores:Camila Machado Reis (UFMG - Universidade Federal de Minas GeraisUFMG - Universidade Federal de Minas GeraisUFMG - Universidade Federal de Minas GeraisUFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Patrícia Martins Freitas (UFRB - Universidade Federal do Recôncavo da BahiaUFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Pedro Pinheiro Chagas (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Vitor Geraldi Haase (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Rui Rothe-neves (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais)

Resumo

A neuropsicologia cognitiva visa explicar padrões de performances cognitivas comprometidas em pacientes com lesão cerebral, no que diz respeito aos danos de um ou mais componentes de uma teoria ou modelo de funcionamento cognitivo normal.Os estudos da neuropsicologia cognitiva têm mostrado que o reconhecimento, a compreensão e produção de palavras envolvem a ativação de um conjunto complexo de mecanismos, cada um dos quais pode ser seletivamente danificado por uma lesão cerebral.O estudo dos erros de fala em indivíduos com paralisia cerebral pode se aproveitar do quadro como um “experimento natural”, possibilitando delimitar a independência de alguns componentes da fala (pronúncia,significado,organização estrutural),ampliando os modelos lingüísticos vigentes.Considerando o contexto da neuropsicologia cognitiva, o estudo da linguagem em crianças com lesões focais é mais uma oportunidade de ampliar os modelos normativos sobre as funções da linguagem. Os déficits lingüísticos podem causar limitações sociais significativas.Aproximadamente 80% dos indivíduos com paralisia cerebral apresentam problemas na aquisição da linguagem.A necessidade de compreender melhor os processos envolvidos com a linguagem para essa população é evidente.Associam-se à PC uma variedade de desordens neuromotoras que frequentemente afetam a produção do sistema lingüístico.O presente trabalho consistiu em verificar se existe um padrão nos erros cometidos pelos sujeitos e tentar sistematizá-los. Para as tarefas de repetição de palavras e pseudopalavras e de nomeação de figuras foram admitidas apenas quatro grandes categorias: acertos, erros fonéticos, fonológicos e semânticos.O nosso conceito de desvio puramente fonético e puramente fonológico considera este como ocorrido quando o sistema de contrastes do falante não corresponde ao do padrão da comunidade lingüística em que está inserido, e aquele, quando o desvio tem uma base física ou mecânica. A amostra foi de 42 crianças portadoras de paralisia cerebral diplégica e hemiplégica, que são atendidas na Associação Mineira de Reabilitação (AMR) e em outros centros de reabilitação, como por exemplo, o Núcleo Caminhos para Jesus, Centro Geral de Reabilitação e Hospital Sarah.Os sujeitos foram avaliados por meio de duas tarefas psicolingüísticas: a tarefa de nomeação (avalia tanto o acesso ao componente semântico, para identificar o nome que corresponde à figura, quanto o componente fonológico, para identificar a forma oral da palavra) e a tarefa de repetição (avalia os déficits articulatórios da fala e o acesso ao léxico fonológico de saída).Os sujeitos foram solicitados a produzir ou repetir tais estímulos, acessando o componente semântico ou apenas o componente fonológico e suas respostas foram gravadas e analisadas e os erros separados em categorias. De acordo com a literatura, trata-se do mais amplo corpus(1320 respostas à tarefa de nomeação e 1170 à tarefa de repetição)já analisado para tal população e, a contrariando, nossa pesquisa aponta a categoria de acertos como sendo a de maior proporção (repetição:69%; nomeação:81%), além de na tarefa de repetição termos obtido mais erros fonológicos (29%) do que erros fonéticos (1%), sendo 77% dos erros nas pseudopalavras, e na tarefa de nomeação a maioria dos erros tendo sido semânticos (8%).O trabalho apresentado aponta claramente o comprometimento da rota fonológica na PC.Trata-se, segundo a revisão feita, da primeira vez em que isso aparece na literatura sobre PC.


Palavras-chave:  Linguagem, Desenvolvimento Cognitivo, Neuropsicologia