SBNeC 2010
Resumo:C.082


Oral / Poster
C.082ILUSÃO DE MÚLTIPLAS CONFIGURAÇÕES É MAIS FREQUENTE COM ESTÍMULOS DE FACES NA PERIFERIA VISUAL.
Autores:Ana Cristina Taunay Gusmão Cavalcanti (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco) ; Maria Lúcia de Bustamante Simas (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco) ; Geórgia Mônica Marques de Menezes (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco) ; Tiago dos Santos Teodósio (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco) ; Adriele de Souza Matos (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)

Resumo

A ilusão de múltiplas configurações é uma ilusão visual dinâmica, descoberta por Simas (2000) em pesquisa investigando adaptação de imagens de faces no ponto cego. Esta ilusão caracteriza-se pela observação de movimentos, mudanças de expressão facial, surgimento de outras características ou diferentes faces/objetos sobrepondo a imagem originalmente apresentada na foto-estímulo. O presente estudo, investigou 2 variáveis independentes: 1)Tipo de imagem - Faces(masculina e feminina)/ Objetos (carro e cadeira); 2)Lateralidade - Fóvea(0º), Direita (+15º) e esquerda (-15º). Estas, foram comparadas à frequência de observações por minuto de 2 variáveis dependentes: categoria 1 (movimentos) e categoria 2 (surgimento de novas características). Até o momento, participaram 37 voluntários (10 homens/ 27 mulheres), adultos (18 à 30 anos), saudáveis, com visão normal ou corrigida. Os estímulos consistiam de imagens frontais, acromáticas, com 12 graus de ângulo visual de altura. Cada imagem foi apresentada em um monitor 17’’, tela plana, durante 1 minuto (totalizando 12 minutos) e observada com ambos os olhos simultaneamente. Uma entretela contendo três pontos de fixação (um no centro 0º e dois à 15º, à direita e à esquerda, foi usada para auxiliar no posicionamento do sujeito em relação ao monitor. Os sujeitos foram instruídos a fixar o olhar no ponto central e verificar se um dos pontos laterais coincidia com o ponto cego, para cada olho separadamente. A posição da cabeça foi mantida com auxílio do fixador de queixo acoplado à mesa de experimentos. Mantendo ambos os olhos abertos e olhar fixado no ponto central, foi solicitado que pressionassem a tecla 1 cada vez que percebessem movimento (categoria 1) ou a tecla 2 para o surgimento de nova característica (categoria 2). Os resultados, analisados com teste não-paramétrico Wilcoxon, e p ≤ 0,005, apontam para maior incidência da ilusão quando usados estímulos de faces (Mface=4,514; Dp ± 0,4872; N=432) em relação aos de objetos (Mobjetos=1,588; Dp ± 0,2236; N=432), com significância p<0,005. Foi observada também, maior frequência de observações quando os estímulos foram posicionados nas periferias (Mdireita= 3,865; Dp ± 9,208; N=288: Mesquerda= 3,854; Dp ± 9,208; N=288) em relação ao centro (Mcentro= 1,434; Dp ± 4,071; N=288) com significância p< 0,005. Com relação às categorias de análise, a categoria 2 (surgimento de novas características) foi mais freqüente do que a categoria 1 (movimento) quando utilizados estímulos de faces (Mcateg1= 2,375; Dp ± 5,510; N=432: Mcateg2= 3,727; Dp ± 9,856; N=432;p< 0,005). No entanto, não foi observada diferença estatisticamente significante entre as categorias quando usados estímulos de objetos. Concluiu-se que a ilusão pode ocorrer com faces e objetos e nas periferias e na fóvea. No entanto, ocorreu maior freqüência de observações com estímulos de faces na periferia. A maior freqüência observada com a imagem da face pode ser relacionada à interação "top-down"/"botton-up" com centros corticais especializados na identificação e reconhecimento de faces (área fusiforme de faces). A periferia visual pode facilitar a ocorrência da ilusão em virtude da baixa acuidade e lacunas (ponto cego) presentes nessa região.


Palavras-chave:  Percepção da forma, Percepção de faces, Ilusões, Ilusão de múltiplas configurações, Fenômeno Muitas Faces