SBNeC 2010
Resumo:H.011


Poster (Painel)
H.011EFEITO DO TRANSPLANTE DE PRECURSORES DE INTERNEURÔNIOS INIBITÓRIOS NOS COMPORTAMENTOS ANSIOGÊNICO E CONVULSIVO AO LONGO DO DESENVOLVIMENTO
Autores:Maria Fernanda Valente (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Simone Romariz (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Ivan Zipancic (CABIMER - Centro Andaluz de Biologia Molecular y Medicina Regenerativa) ; Manuel Alvarez-dolado (CABIMER - Centro Andaluz de Biologia Molecular y Medicina Regenerativa) ; Maria Elisa Calcagnotto (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Luiz Eugênio Mello (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Beatriz Monteiro Longo (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo)

Resumo

Objetivos: Células derivadas da eminência gangliônica medial (EGM) do encéfalo de embriões de mamíferos são capazes de originar interneurônios inibitórios do córtex cerebral, podendo ser utilizadas para recuperar alterações no sistema GABAérgico. Defeitos na função inibitória podem levar a uma hiperexcitabilidade neuronal que contribui para o surgimento de crises epilépticas. A epilepsia pode estar associada a distúrbios emocionais, como a ansiedade. O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do transplante de precursores inibitórios na indução de crises epilépticas e no comportamento de ansiedade ao longo do desenvolvimento pós-natal. Métodos: As camadas ventricular e sub-ventricular foram dissecadas da EGM do encéfalo de embriões de 14 dias de camundongos transgênicos GFP+ (green fluorescent protein). Após a dissociação das células, o transplante (4 x 104 células/animal) foi realizado, bilateralmente, no córtex de camundongos C57/Bl6 recém nascidos (PN5). Os animais controles receberam apenas o meio usado no processamento. Para avaliação da ansiedade ao longo do desenvolvimento pós-natal, foram realizados os testes de labirinto em cruz elevado (LCE) em diferentes tempos pós-transplante (PN15, PN30 e PN60). O eletrochoque convulsivo máximo (ECM, 65 mA; 0,15 s) foi aplicado em PN61 para avaliação da freqüência e intensidade de crises tônica/clônicas. Após os testes, os animais foram perfundidos e o fenótipo das células transplantadas foi examinado por meio de marcação por anticorpos que reconhecem células GFP+ e outros para células GABAérgicas (calretinina e parvalbumina). Resultados: Os animais transplantados com as células da EGM e avaliados em PN30 (n=4) e PN60 (n=8) no LCE apresentaram ansiólise em relação aos respectivos grupos controles (n=4; n=9) (p<0,05). Quanto ao ECM, não houve diferença na frequência e no tempo das crises, no entanto, o período de perda do reflexo postural no grupo de animais transplantados foi mais duradouro (p<0,05). A imunofluorescência indicou que as células GFP+ derivadas da EGM migraram para outras regiões do encéfalo e foram capazes de se diferenciar em interneurônios inibitórios. Discussão: Esses dados demonstram que as células precursoras da EGM são capazes de migrar, se diferenciar em interneurônios inibitórios e possivelmente se integrar ao circuito neuronal dos animais transplantados, alterando comportamentos mediados pelo sistema inibitório. Ao longo do desenvolvimento, os animais transplantados apresentam comportamentos de ansiedade que diferem nos tempos avaliados. Observamos também que os animais transplantados com células precursoras da EGM, quando adultos, apresentam alterações na evolução da crise convulsiva, mais especificamente na recuperação pós-crise (período pós-ictal). Apoio financeiro: CNPq e FAPESP.


Palavras-chave:  precursores interneuronais, transplante, epilepsia, ansiedade, GABA