SBNeC 2010
Resumo:A.035


Poster (Painel)
A.035Diferentes regras neuronais se aplicam ao bulbo olfatório de primatas, roedores e insetívoros
Autores:Pedro Furtado de Mattos Ribeiro (UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO) ; Christine Collins (VU - UNIVERSIDADE VANDERBILT) ; Peyian Wong (VU - UNIVERSIDADE VANDERBILT) ; Jon Kaas (VU - UNIVERSIDADE VANDERBILT) ; Suzana Herculano- Houzel (UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO)

Resumo

O bulbo olfatório é uma estrutura evolutivamente antiga que precede o surgimento de um córtex cerebral expandido em mamíferos. Nossos estudos prévios mostraram que diferentes regras neuronais de alometria se aplicam ao córtex cerebral de primatas, roedores e insetívoros, sugerindo que tais regras tenham divergido desde o ancestral comum a essas ordens. Aqui investigamos a hipótese de que as regras neuronais de alometria que se aplicam ao bulbo olfatório são conservadas entre as ordens de mamíferos, como aparentam ser as que se aplicam ao conjunto de tronco encefálico e núcleos da base. Examinando a composição celular do bulbo olfatório de 20 espécies de insetívoros, roedores, primatas e scandentia, constatamos que enquanto a regra de alometria das células não- neuronais são conservadas entre as ordens, diferentes regras de alometria se aplicam aos neurônios de cada ordem. Enquanto o bulbo olfatório cresce em massa mais devagar comparado ao córtex cerebral, o que está de acordo com a visão de que o córtex é a estrutura cerebral que se expandiu mais rapidamente ao longo da evolução, o bulbo olfatório ganha neurônios entre espécies mais rapidamente do que o córtex tanto em roedores como em insetívoros, mas não em primatas. Interessantemente, as regras celulares de alometria diferem de tal maneira que, para uma mesma quantidade de neurônios no bulbo olfatório, roedores possuem sistematicamente mais neurônios no córtex cerebral do que insetívoros. Tal constatação é consistente com a idéia de os insetívoros serem mais dependentes do olfato para guiar seu comportamento, e que diferentes pressões seletivas têm agido sobre os sistemas olfativos de insetívoros, roedores e primatas. Nossos achados reforçam a importância de não se basear no tamanho de uma estrutura cerebral para inferir o seu número de neurônios, e sugerem que roedores, insetívoros e primatas divergiram cedo quanto à constituição celular do bulbo olfatório e quanto à sua relação anatômica e funcional com o córtex cerebral.


Palavras-chave:  Bulbo olfatório, Córtex cerebral, Neuroanatomia comparada, Alometria, Evolução