SBNeC 2010
Resumo:J.179


Poster (Painel)
J.179Comparação do efeito de antipsicóticos típicos e atípicos no modelo de déficit de interação social induzido por MK801 em camundongos.
Autores:Camila Braz Menezes (UFRGS - Laboratório de Etnofarmacologia, UFRGS) ; Marília Motta Bessa (UFRGS - Laboratório de Etnofarmacologia, UFRGS) ; Ana Paula Herrmann (UFRGS - Laboratório de Etnofarmacologia, UFRGSPPG-BIOQUÍMICA/UFRGS - Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: Bioquímica) ; Viviane de Moura Linck (UFRGS - Laboratório de Etnofarmacologia, UFRGSPPG-BIOQUÍMICA/UFRGS - Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: Bioquímica) ; Elaine Elisabetsky (UFRGS - Laboratório de Etnofarmacologia, UFRGSPPG-BIOQUÍMICA/UFRGS - Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas: Bioquímica)

Resumo

Aproximadamente 60 anos após a introdução do primeiro antipsicótico na terapia psiquiátrica, ainda se questiona a efetividade dos antipsicóticos quanto a sintomas positivos, negativos e cognitivos em esquizofrenia. Os medicamentos usados no tratamento da doença são classificados em típicos e atípicos; os atípicos são marcadamente mais caros, mas argumenta-se que o custo se justifica pelo melhor manejo dos sintomas negativos, melhora na qualidade de vida e é recuperado em parte pela redução na freqüência de internações. No entanto, resultados de estudos clínicos são controversos quanto às alegadas vantagens dos atípicos e dados pré-clínicos são escassos. O modelo de déficit de interação social (DIS) em roedores induzido por antagonistas de receptores NMDA tem validade de face para sintomas negativos da esquizofrenia. Objetivo: Comparar o efeito de antipsicóticos típicos e atípicos (e estes entre si) sobre o DIS induzido por MK801 em camundongos. Método: Foram usados camundongos albinos CF1, machos, com 60 dias. Para a avaliação da atividade locomotora (AL) foram usadas caixas de locomoção (45x25x20 cm) equipadas com quatro foto-células que registram automaticamente o número de cruzamentos. Os animais n=10-11) receberam (i.p., 0,1 mL/10 g): salina, haloperidol 0,125 e 0,25 mg/kg, clorpromazina 1 e 2 mg/kg, clozapina 2 mg/kg, sulpirida 10 mg/kg, risperidona 0,04 e 0,05 mg/kg ou olanzapina 0,2, 0,25 e 1,5 mg/kg; após 30 min foram colocados na caixa de AL por 10 min. Somente doses de antipsicóticos que não alteraram a AL foram avaliadas no DIS. Para o DIS os animais foram mantidos em ciclo reverso de luz por 2 semanas; 48 e 24 h antes do teste, os animais foram ambientados individualmente na caixa-teste por 10 min. No dia do experimento os camundongos (n=8 pares) foram tratados i.p. com salina, haloperidol 0,125 mg/kg, clorpromazina 1 mg/kg, clozapina 2 mg/kg, sulpirida 10 mg/kg, risperidona 0,05 mg/kg ou olanzapina 0,2 mg/kg, e 30 min após com salina ou MK801 0,3 mg/kg. 30 min após o último tratamento os animais foram colocados na caixa de DIS em pares com um parceiro não familiar, de peso corporal comparável e do mesmo grupo de tratamento. O teste foi filmado durante 10 min e o tempo de IS analisado e quantificado (dois observadores independentes e cegos ao tratamento) com The Observer® XT5.0. O efeito dos antipsicóticos na IS também foi avaliado 30 min após a administração dos mesmos (sem qualquer outro tratamento). Os resultados foram analisados por ANOVA/SNK. Resultados: Apenas sulpirida 10 mg/kg (11,8±1,9 s; p<0,05) e risperidona 0,05 mg/kg (5,8±4,6 s; p<0,01) diminuíram o tempo de interação social (F6,43=3,78) na comparação ao controle (29,1±11,1 s). MK801 diminuiu o tempo de interação social (F7,56=5,61), mas nenhum antipsicótico foi capaz de prevenir esse déficit (p>0,05). Conclusões: Os dados sugerem que nenhum dos fármacos estudados, administrados agudamente, apresenta efeito significativo sobre o déficit de interação social induzido por antagonista NMDA em camundongos. Resultados como esse são úteis para subsidiar a discussão da superioridade de antipsicóticos atípicos no manejo de sintomas negativos e, em última análise, para a elucidação do custo-benefício do uso de diferentes antipsicóticos. A complementação da análise requer o estudo de outras doses dos fármacos, de fármacos antipsicóticos aqui não representados, da administração sub-crônica ou crônica e, sobretudo, da avaliação da validade preditiva do modelo.


Palavras-chave:  Esquizofrenia, Sintomas negativos, Antipsicóticos típicos, Antipsicóticos atípicos, Interação Social