SBNeC 2010
Resumo:F.173


Prêmio
F.173PARTICIPAÇÃO DO SUBSISTEMA M4 MUSCARÍNICO DO HIPOCAMPO DORSAL E DA AMÍGDALA BASOLATERAL SOBRE OS PROCESSOS DE CONSOLIDAÇÃO E RECONSOLIDAÇÃO DA MEMÓRIA
Autores:Ana Paula Crestani (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Felipe Diehl (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Lucas de Oliveira Alvares (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Fabiana Santana (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Josué Haubrich (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Lindsey de Freitas Cassini (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Jorge Alberto Quillfeldt (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Edgar Ernesto Kornisiuk (UBA - Universidad de Buenos Aires) ; Diana Alicia Jerusalinsky (UBA - Universidad de Buenos Aires)

Resumo

Dentre as estruturas cerebrais algumas despertam especial interesse por estarem relacionadas com atividades cognitivas. Sabe-se que o hipocampo relaciona-se com o reconhecimento espacial e a amígdala com as emoções. Nessas estruturas encontramos receptores colinérgicos muscarínicos que podem modular positivamente ou negativamente a transmissão sináptica. Esse trabalho tem como objetivo verificar os efeitos da administração de antagonistas muscarínicos nas estruturas referidas sobre o processo de consolidação e reconsolidação da memória em condicionamento aversivo contextual (CAC) em ratos. Métodos e resultados: ratos Wistar foram canulados bilateralmente no hipocampo (HPC) dorsal ou na amígdala basolateral (ABL) e treinados na tarefa de CAC (2 choques 0,5mA/2s). O teste (4 min.) dos animais ocorreu 24 hs após o treino ou após uma reativação (3 min.) e as respostas de congelamento foram registradas em porcentagem. Imediatamente após o treino ou após a reativação, os animais foram infundidos no hipocampo (0,5 ul/lado) ou na amígdala (0,3 ul/lado) com os antagonistas escopolamina (pouco seletivo aos diferentes subtipos de receptores muscarínicos, 20,0 ug/ul), MT3 (seletivo aos receptores M4, 4,0 ug/lul), ou com TFS (controle). Os animais infundidos com escopolamina (56,02[2,42] N=13), (sempre média [erro padrão] e número amostral), e MT3 (54,91[5,32] N=9) no hipocampo imediatamente após o treino mostraram uma significativa redução das respostas de congelamento no teste da tarefa em relação ao grupo controle(85,39[2,42] N=13) (P=0,000 ANOVA de uma via com post-hoc de Tukey). Na amígdala os animais infundidos com escopolamina (17,13[8,12] N=9) e MT3 (26,70[5,54] N=11) pós-treino mostraram uma significativa redução das respostas de congelamento no teste da tarefa em relação ao grupo controle (56,44[7,58]N=13) (P=0,001 ANOVA de uma via com post-hoc de Tukey). Somente os animais infundidos com MT3 (83,1 [3,61] N=10) no hipocampo imediatamente após a reativação mostraram um aumento significativo na porcentagem de respostas de congelamento quando comparados ao grupo controle (67,56 [4,8] N=21) (P=0,003, ANOVA de uma via com post-hoc de Tukey). Entretanto, somente os animais infundidos com MT3 (33,33[6,77] N=9) na amígdala mostraram uma redução nas respostas de congelamento comparados com o grupo controle 48,83 [7,15] N=10 (P=0,048, ANOVA de uma via com post-hoc de Tukey). Conclusões: A administração de antagonistas colinérgicos muscarínicos no hipocampo dorsal ou na amígdala basolateral teve um evidente efeito amnésico sobre o processo de consolidação da memória da tarefa de CAC. Enquanto que na reconsolidação os efeitos foram contrários nas duas estruturas. No ABL nós obsevamos que os receptores colinérgicos muscarínicos possuem um papel modulatório positivo e no HPC esse papel é negativo. Uma possível explicação é que o sistema colinérgico muscarínico atua modulando positiva ou negativamente a memória dependendo da estrutura em que está presente e da localização de seus receptores em neurônios gabaérgicos ou glutamatérgicos.


Palavras-chave:  sistema muscarínico, consolidação, reconsolidação, amígdala, hipocampo