SBNeC 2010
Resumo:E.040


Poster (Painel)
E.040Fatores protetores do estresse: parâmetros neuroendócrinos e variáveis psicométricas positivas em Tropas da Missão de Paz no Haiti.
Autores:Nastassja Lopes Fischer (IBCCF- UFRJ - Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho) ; Ana Carolina Ferraz Mendonça de Souza (IBCCF- UFRJ - Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho) ; Wanderson Fernandes de Souza (ENSP - FIOCRUZ - Escola Nacional de Saúde Pública) ; Thaís de Medeiros Gameiro (IBCCF- UFRJ - Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho) ; Evandro da Silva Freire Coutinho (ENSP - FIOCRUZ - Escola Nacional de Saúde Pública) ; Ivan Luiz de Vasconcelos Figueira (IPUB - UFRJ - Instituto de Psiquiatria) ; Eliane Volchan (IBCCF- UFRJ - Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho)

Resumo

Fatores neuroendócrinos mediadores da resposta ao estresse possuem tanto efeitos protetores quando deletérios. Identificar qual seria a relação desses efeitos protetores com correlatos psicológicos torna possível desenvolver propostas sobre como a resiliência pode ser promovida e como as conseqüências negativas do estresse podem ser neutralizadas ou superadas. Foram avaliados militares das Tropas de Paz do Exército pertencentes ao 8° contingente brasileiro enviados para Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (MINUSTAH). Para a investigação da resposta de cortisol ao acordar e da atividade secretória de dehidroepiandrosterona (DHEA) salivar pela manhã, os participantes foram orientados para que as amostras de saliva fossem coletadas nos seguintes momentos do dia: 0, 30, 45 e 60 minutos após o acordar, antes e após a Missão no Haiti. Esse procedimento foi realizado no fim de semana. Foi também pedido aos voluntários para preencher questionários que visavam avaliar tanto suas características psicológicas quanto a sua percepção da Missão de Paz. Observou-se um aumento significativo nos níveis de cortisol 30 minutos após o acordar, quando comparado com os níveis imediatamente após o acordar. Tais níveis continuaram significativamente aumentados 45 minutos após o acordar. Com relação ao DHEA, verificou-se níveis significativamente maiores 30 minutos após o acordar, comparando com os demais momentos de coleta de saliva. Não foi observada diferença significativa para nenhum dos parâmetros hormonais quando se compara a secreção dos hormônios ao longo da primeira hora da manhã antes e depois da Missão de Paz no Haiti. Adicionalmente, identificou-se que a Escala de Resiliência foi negativamente correlacionada com a resposta de cortisol ao acordar e com a variação da razão de cortisol/DHEA durante a primeira hora da manhã. Em contrapartida, essa mesma escala foi negativamente correlacionada com a secreção de DHEA ao longo da primeira hora da manhã. Ainda, a sub-escala de Humanitarismo Positivo (PHS) foi negativamente correlacionada com a resposta de cortisol ao acordar e com a variação da razão cortisol/DHEA durante a primeira hora da manhã. Tais relações foram observadas somente no período pós-missão. Houve também um aumento na pontuação da Escala de Resiliência, quando comparados os momentos antes e depois da missão, e baixa pontuação na escala para Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) preenchida após o retorno da Missão de Paz. A pontuação da Escala de Resiliência foi positivamente correlacionada com a pontuação na PHS. Além de replicar dados existentes na literatura, esse estudo descreveu a existência de uma curva de DHEA ao acordar. Mais ainda, a associação das características psicológicas dos indivíduos com os parâmetros neuroendócrinos podem estar refletindo mecanismos de proteção ao estresse em resposta a uma situação potencialmente traumática como a Missão de Paz no Haiti.


Palavras-chave:  Estresse, Cortisol, DHEA, Resiliência, Missão de Paz