SBNeC 2010
Resumo:C.078


Poster (Painel)
C.078SURDEZ ALTERA PERCEPÇÃO VISUAL DE CONTRASTE PARA ESTÍMULOS ANGULARES?
Autores:Liana Chaves Mendes (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco) ; Melyssa Kellyane Cavalcanti Galdino (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco) ; Natanael Antonio dos Santos (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Maria Lúcia de Bustamante Simas (UFPE - Universidade Federal de Pernambuco)

Resumo

Objetivos: Pesquisas discutem que a plasticidade neural ocasiona a reorganização cortical diante de uma privação sensória, neste sentido o presente estudo teve como objetivo comparar a função de sensibilidade ao contraste (FSC) entre pessoas surdas e pessoas com audição normal para estímulos visuais de frequências angulares. Métodos: Oito voluntários participaram da pesquisa, quatro surdos (dois com surdez congênita de grau severo e dois com surdez adquirida consequente de sarampo e da ingestão de antibiótico de grau moderado e severo, respectivamente) com perda auditiva sensorioneural bilateral e quatro ouvintes, de ambos os sexos, com idades entre 22 e 35 anos. Todos os participantes apresentavam acuidade visual normal ou corrigida. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da UFPE, e a participação dos voluntários aconteceu mediante a assinatura de um termo de consentimento. Para a mensuração da FSC foram utilizados estímulos angulares acromáticos e estáticos nas frequências de 2, 4, 24, 48, 96 ciclos/360°. As medidas foram obtidas binocularmente, a uma distância de 300 cm de um monitor CRT (Cathodic Ray Tube) da marca LG de 19 polegadas, utilizando o paradigma psicofísico da escolha forçada entre duas alternativas temporais. Este paradigma consiste na apresentação sucessiva de pares de estímulos, um contendo uma das frequências angulares e o outro apenas a luminância homogênea. Os voluntários eram orientados a escolher sempre o estímulo que continha a frequência. As instruções sobre os experimentos foram explicadas para os adultos surdos em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Resultados: Os resultados demonstraram maior sensibilidade na frequência de 24 ciclos/360° para os dois grupos, mas as pessoas surdas foram da ordem de 1,5 e 1,1 mais sensível para perceber as frequências de 2 e 96 ciclos/360°, respectivamente, do que as pessoas com audição normal. A ANOVA para medidas repetidas mostrou diferença significante entre os grupos (F4, 632 = 29,558; p < 0,005). A análise com o teste Post Hoc Newman-Keuls mostrou diferença significante apenas nas frequências de 2 e 96 ciclos/360° (p < 0,005). Conclusão: Estes resultados sugerem que os participantes surdos perceberam melhor as frequências angulares baixas (2 ciclos/360°) e altas (96 ciclos/360°). Em outras palavras, este estudo inicial indica que há diferença entre a percepção visual de contraste de pessoas com surdez e pessoas com audição normal.


Palavras-chave:  frequências angulares, função de sensibilidade ao contraste, paradigma psicofísico da escolha forçada, surdez