SBNeC 2010
Resumo:J.070


Prêmio
J.070Depressão maior: Avaliação teórico-clínica através de medidas de sensibilidade ao contraste
Autores:Ingrid Brasilino Montenegro (LPNEC - Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento) ; Aline Mendes Lacerda (LPNEC - Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento- - Laboratório de PsicofisiologiaIP - Programa de Pós-graduação em Neurociências e Comportamento) ; Meiryland Melo da Cunha (LPNEC - Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento) ; Olívia Dayse Leite Ferreira (LPNEC - Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento) ; Anna Cecília de Moura Rocha (LPNEC - Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento) ; Rafaely Dantas Castro (LPNEC - Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento) ; Natanael Antonio dos Santos (LPNEC - Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento) ; Luiz Ribeiro-do-valle (- - Laboratório de Psicofisiologia)

Resumo

O presente estudo tem como objetivo investigar possíveis alterações na percepção visual relacionadas à depressão maior. Para tanto, realizou-se medidas de sensibilidade ao contraste (SC), uma das ferramentas mais utilizadas na avaliação teórica e clínica do sistema visual humano. A SC tem se estabelecido como uma técnica que permite estudar e identificar a forma como determinadas patologias acometem a visão e o sistema nervoso central. Participaram deste estudo oito voluntários, com idade entre 20 e 27 anos e acuidade visual normal ou corrigida. Dentre eles, quatro foram diagnosticados com transtorno depressivo maior, segundo os critérios do DSM-IV e se encontravam devidamente medicados (Grupo Experimental - GE). Os outros quatro eram isentos de patologia neuropsiquiátrica e gozavam de boa saúde (Grupo Controle - GC). A SC foi mensurada através do método psicofísico da escolha forçada entre duas alternativas temporais (2AF). Foram testadas as frequências espaciais lineares de 0,5; 1; 3; 4 e 8 ciclos por grau de ângulo visual (cpg) e as angulares de 2, 4, 24, 48 e 96 ciclos/360o. Os estímulos eram circulares e foram apresentados em um monitor de vídeo LG, RGB de 19 polegadas (resolução de tela de 1024 x 768 pixels a 75 Hz) conectado a um microcomputador e um BITS ++ (Cambridge Research Systems). A luminância média da tela foi de 41,05 cd/m² mensurada por um fotômetro ColorCAL (Cambridge Research Systems). As medidas foram realizadas a uma distância de 300 cm da tela do monitor. Os estímulos foram exibidos em pares sucessivos, um com a frequência testada (espaciais lineares ou angulares) e o outro era um círculo cinza com luminância homogênea. Os participantes foram orientados a pressionar o botão do lado esquerdo do mouse, quando o estímulo teste fosse apresentado primeiro, e o botão do lado direito, quando fosse apresentado depois do estímulo com luminância homogênea. Realizou-se uma ANOVA para medidas repetidas com o fator grupo (dois níveis) e o fator frequência espacial linear (cinco níveis) e outra com o fator grupo e o fator frequência espacial angular (cinco níveis). Ambas mostraram diferenças significantes entre os grupos F(1, 157) = 5,942, p < 0,05 e F(1, 157) = 5,103, p < 0,05, respectivamente. O teste post hoc Newman-Keuls não mostrou diferença significante para nenhuma das frequências espaciais lineares, mas mostrou diferença entre os grupos para as frequências angulares de 48 e 96 ciclos/360º (p < 0,05). Ou seja, o grupo de pacientes com depressão mostrou-se mais sensível nas frequências mais altas, pois o GC precisou da ordem de 1,2 e 1,6 mais contraste para perceber as frequências angulares de 48 e 96 ciclos/360º. Esses resultados, ainda preliminares, sugerem que a depressão altera o SNC e o sistema visual de forma distinta para os diferentes tipos de frequências espaciais.


Palavras-chave:  Depressão maior, sensibilidade ao contraste, frequências espaciais lineares, frequências espaciais angulares