SBNeC 2010
Resumo:C.069


Poster (Painel)
C.069ANÁLISE DOS MOVIMENTOS OCULARES EM BEBÊS COM DISPLASIA BRONCOPULMONAR
Autores:Silvana Alves Pereira (USP - Universidade de São Paulo) ; Dora Fix Ventura (USP - Universidade de São Paulo) ; Valtenice de Cássia Rodrigues de Matos França (USP - Universidade de São Paulo) ; Marcelo Fernandes da Costa (USP - Universidade de São Paulo)

Resumo

Objetivos: Avaliar o desempenho sensório-motor ocular medido por movimentos oculares em bebês com diagnóstico de Displasia Broncopulmonar (DBP) internados em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal. Método: Incluímos em nosso estudo, bebês com idade gestacional ≤ 37 semanas, dependentes de oxigênio em concentrações acima de 21% por mais de 28 dias com exame oftalmológico de biomicroscopia e de fundo de olho com resultados normais. Foram excluídas do estudo bebês em uso de oxigênio sob ventilação mecânica e/ou drogas vasoativas, com diagnóstico de hemorragia intracraniana, retinopatia da prematuridade ou outras alterações neurológicas congênitas ou adquiridas identificadas no exame neonatal ou durante a estadia no berçário. Todos os bebês realizaram uma única avaliação binocular. As avaliações foram realizadas com os bebês sentados confortavelmente no colo de um de seus pais e eram compostas pela simulação de quatro movimentos oculares: sacadas(MS), perseguição lenta(PL), reflexo vestíbulo-ocular(RVO) e nistagmo optocinéticos(NO). Os movimentos oculares foram transcritos em variável categórica (presente ou ausente) e para análise estatística foram feitas comparações entre o grupo Displasia Broncopulmonar (DBP) e o grupo controle. Para avaliação de MS um objeto grande foi apresentado de frente para o bebê a 10° e 30°, repentinamente, à direita e à esquerda do seu campo visual. Para avaliação de PL um objeto foi deslocado lentamente percorrendo 30° do campo visual para a direita e para a esquerda. Para a avaliação do RVO foram realizados movimentos em pêndulo simulando os movimentos de “olhos de boneca”. Movimentos laterais girando o bebê da posição de repouso para a direita e para a esquerda também foram realizados. Para a avaliação do NO foi apresentado um tambor com listras brancas e pretas. O tambor foi girado de frente ao bebê para avaliação de medidas horizontais com as listas girando para esquerda e para direita, e para medidas verticais, para cima e para baixo. Todos os alvos apresentados pelo pesquisador respeitaram uma distância de 50 centímetros do bebê. Bebês nascidos a termo, não internados, constituiram o grupo controle. Resultados Foram avaliados 78 bebês e 70 foram incluídos no estudo (23 no grupo DBP e 47 no grupo controle), oito bebês com IG < 37 semanas foram excluídos por usarem oxigênio por um tempo menor que 28 dias. Os bebês do grupo DBP tiveram IG média de 32 semanas ± 3 semanas, APGAR 1° minuto 6 ± 1, 5° minuto 8 ± 2, peso no dia da avaliação de 1666 gramas ± 597,45 gramas, 37 dias em oxigênio ± 10,48 dias, na quantidade de 2l/min ± 0,5 l/min. O grupo controle apresentou média da IG de 38 semanas ± 1 semana, nota de APGAR 1° minuto 8 ± 1, 5° minuto 9 ± 0 e peso no dia da avaliação de 3074 gramas ± 604,25 gramas. Todos os movimentos oculares do grupo DBP foram diferentes, estatisticamente dos do grupo controle (Teste Cochran Q), exceto o movimento PL (Q = 1,8 p = 0,179). Para MS, Q = 6; p = 0,014; para RVO, Q = 13 p = 0,002 e para NO, Q = 10 p = 0,001. Conclusões: Bebês com DBP manifestam ausência de três dos quatro tipos de movimentos oculares medidos, cuja presença ocorre em todos os bebês sem diagnóstico de DBP. Uma vez que o sistema visual depende de estimulação para se desenvolver corretamente, alterações oculomotoras no início da vida podem levar a danos visuais irreparáveis. O diagnóstico precoce da movimentação ocular é portanto relevante para evitar tais prejuízos visuais funcionais.


Palavras-chave:  Movimentos oculares, Displasia Broncopulmonar, Prematuros, Unidade de Terapia Intensiva Neonatal