Poster (Painel)
F.138 | MEMÓRIA DE TRABALHO E MATEMÁTICA: ESTUDO DE UMA POSSÍVEL CORRELAÇÃO ATRAVÉS DA ANÁLISE DE UMA AMOSTRA REPRESENTATIVA | Autores: | Alana Nunes Pereira (UFOP - UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO) ; Nathália Luiz de Freitas (UFOP - UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO) ; Fernanda de Oliveira Ferreira (UFOP - UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETOUFMG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) ; Vitor Geraldi Haase (UFMG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) |
Resumo Aproximadamente 3 a 6% das crianças em idade escolar possuem transtornos de aprendizagem matemática (Badian, 1983; Bruto-Tsur, Manor, & Shalev, 1996; Kosc, 1974, Lewis & Walker, 1994), as quais podem estar associadas a outros transtornos não verbais de aprendizagem (Rourke, 1993; Rourke & Conway, 1997). De forma geral, as habilidades matemáticas envolvem outras habilidades cognitivas em grau substancial, como por exemplo, a memória de trabalho (Baddeley e Hitch, 1974). OBJETIVO: O trabalho objetiva verificar se existe correlação entre o desempenho em tarefas que envolvem memória de trabalho e funções executivas (Dígitos do Wisc e Cubos de Corsi) e tarefas de matemática (Cálculos Matemáticos). METODOLOGIA: Participaram da primeira fase da pesquisa 1433 escolares de escolas públicas e privadas de Belo Horizonte, Mariana e Ouro Preto, MG. Os estudantes foram avaliados quanto ao desempenho escolar (escrita, leitura e aritmética) na etapa de triagem, pelo Teste de Desempenho Escolar. Aqueles com desempenho inferior ao esperado nas habilidades matemáticas e controles pareados por idade, série e escola, foram convidados a participar de uma avaliação neuropsicológica abrangente. Nesta fase, participaram 221 estudantes, os quais foram avaliados, entre outras tarefas, pela Tarefa de Cálculos Matemáticos (adição, subtração e multiplicação) e tarefas de Dígitos do Wisc e Cubos de Corsi. RESULTADOS: As análises de correlação bivariada mostraram que há correlação positiva e significativa entre o número de acertos nos cálculos matemáticos de adição (R=0,32, p< 0,001), subtração (R=0,27, p< 0,001) e multiplicação (R= 0,29, p<0,001) com o número de acertos na tarefa de Dígitos do Wisc – ordem direta. A correlação é mais elevada ao comparar o número de acertos na ordem indireta com a adição (R=0,37, p<0,001), subtração (R=0,35, p<0,001) e multiplicação (R=031, p< 0,001). Também foram encontradas correlações significativas entre o número de acertos na tarefa de Cubos de Corsi- ordem direta nos cálculos de adição (R=0,41, p<0,001), subtração (R=0,40, p<0,001) e multiplicação (R=0,40, p<0,001). As correlações foram mais elevadas entre o número de acertos na tarefa de Cubos de Corsi - ordem indireta e os cálculos de adição (R=0,43, p<0,001), subtração (R=0,38, p<0,001), e multiplicação (R=0,43, p<0,001). DISCUSSÃO: Os resultados mostraram a correlação entre habilidades de memória de curto prazo (ordem direta das tarefas de dígitos do WISC e cubos de corsi) e tarefas matemáticas, mas as correlações foram ainda mais elevadas entre as tarefas que envolvem memória de trabalho (ordens indiretas das tarefas dígitos do WISC e cubos de corsi, que envolvem armazenamento, processamento e coordenação de operações) e as tarefas matemáticas. Esses resultados indicam que a memória de trabalho e as funções executivas estão associadas às habilidades matemáticas, sugerindo que durante a execução dos fatos da aritmética é necessário que o indivíduo utilize a memória de trabalho como parte do processo. Além disso, os resultados estão em acordo com as literaturas internacionais que tratam do assunto (Baddeley e Hitch, 1974). Os resultados apontam para a relevância de se estimular as habilidades de memória de trabalho, como uma estratégia adicional de otimização e compensação da aprendizagem matemática. Palavras-chave: Memória de trabalho, Cálculos matemáticos, Aprendizagem |