SBNeC 2010
Resumo:F.080


Poster (Painel)
F.080Contribuição dos receptores dopaminérgicos D2 na memória epísódica e na rede semântica.
Autores:Guarnieri Regina Vieira (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Nogueira Ana Maria (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Bueno Orlando F.a. (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo)

Resumo

Resumo: o lobo frontal está envolvido no processamento das redes semânticas. A dopamina exerce um efeito modulatório da atividade do córtex frontal através da via mesocortical. No que se refere à rede semântica, o sistema dopaminérgico participa amplificando os sinais fortes (palavras fortemente relacionadas) e inibindo os sinais fracos (palavras mais distante na rede semântica). Objetivos: avaliar o efeito do haloperidol, portanto a eventual contribuição dos receptores dopaminérgicos D2 na memória operacional, na memória epísódica e semântica. Materiais e Métodos: o efeito amnésico do haloperidol, um clássico antipsicótico, antagonista dopaminérgico D2, foi estudado em voluntários saudáveis com ênfase na curva de posição serial de listas de palavras contendo palavras semanticamente relacionadas no meio da lista. Quarenta voluntários jovens, saudáveis, com idade entre 18-35 anos, com pelo menos 12 anos de educação, foram divididos aleatoriamente em grupos de 20 sujeitos que receberam placebo ou haloperidol (4 mg) administrado em dose única oral num estudo duplo-cego. A recordação livre de palavras é um teste de memória explícita do tipo episódica utilizado para detectar déficits deste tipo de memória em pacientes amnésicos, com Alzheimer, com Parkinson, esclerose múltipla, entre outras patologias. Vinte listas com 15 palavras, 10 listas não relacionadas semanticamente e 10 com palavras relacionadas na posição 7-8-9 (ex. queijo-leite-manteiga) foram apresentadas numa tela de computador. Os sujeitos devem recordar, em qualque ordem, imeditamente após a apresentação da última palavra de cada lista (recordação imediata) ou 2 minutos após executar uma tarefa distratora (recordação tardia). Testes de memória operacional como o de capacidade de memória operacional (OSPAN) e geração aleatória de números (RNG), entre outros, também foram aplicados. Resultados: o haloperidol causou um efeito amnésico global da memória episódica [(F(1,38)=20,13; p<0,0001], havendo diferença significativa do total de palavras recordadas (média placebo = 134,00 ± 32,17; média haloperidol = 102,60 ± 15,83). Entretanto, o efeito de recência (maior recordação das últimas 3 palavras da lista) se manteve em ambos os grupos (p>0.05). A facilitação semântica também foi mantida, ou seja, a posição agrupada 3 (palavras 7-8-9) são mais recordadas do que as posições agrupadas adjacentes (p2 e p4) (p<0,001) embora rebaixada no grupo haloperidol (p<0,0001). Houve diferença de tempo, onde observou-se maior recordação das listas imediatas do que tardias em ambos os grupos [(F(1,38)=73,01; p<0,0001]. O desempenho nos testes de OSPAN e RNG foram rebaixados no grupo haloperidol [F(1,38) = 18.62; p<0.0001]; [F(1,38) = 56.37; p<0.0001]; respectivamente. Conclusão: o haloperidol comprometeu a capacidade de binding de informação de palavras isoladas e causou um déficit global da memória episódica sem alterar a facilitação semântica ou mesmo da estratégia de recordação.


Palavras-chave:  dopamina, haloperidol, memória operacional, memória episódica, memória semântica