SBNeC 2010
Resumo:C.079


Poster (Painel)
C.079Alterações no comportamento alimentar em ratos submetidos à isquemia cerebral global
Autores:Fernanda Urruth Fontella (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Christie Noschang (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Ângela Tabajara (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Paulo Worm (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Cibele Castro (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Marcelo Zubaran Goldani (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Carla Dalmaz (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul) ; Carlos Alexandre Netto (UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

Resumo

A isquêmica cerebral global é caracterizada pela interrupção do fluxo sanguíneo, provocando dano em diferentes regiões do cérebro. Embora exista poucos estudos avaliando alterações no comportamento alimentar em pacientes que sofreram isquemia cerebral, é consenso que alterações nos sentidos quimiossensoriais podem ter consequências sobre o restabelecimento dos pacientes. Estudos de imagem mostram que pacientes isquêmicos com lesões no córtex orbitofrontal, considerado um centro terciário para a integração de percepções de odor e sabor, apresentam comprometimento olfatório e no paladar. No entanto, não há relato de estudos utilizando modelos animais para avaliação destas funções. OBJETIVO: o objetivo deste trabalho é avaliar o consumo de alimento doce e a percepção olfatória em animais submetidos à isquemia cerebral global por 10 minutos. MÉTODOS: foram utilizados ratos Wistar machos, P60, submetidos à isquemia cerebral (método de oclusão dos 4 vasos). Além do grupo isquêmico (I), foram utilizados dois grupos controle: sham (S: submetidos à cirurgia, mas não à isquemia) e controle total (C: controle total). Após um período de recuperação de 10 dias, os animais foram habituados, sob restrição alimentar, a uma caixa de condicionamento onde havia 10 roscas doces, durante 6 dias. O consumo de alimento doce foi avaliado no estado alimentado e em jejum. Em outro momento, os animais foram submetidos ao teste de claro/escuro, onde o alimento doce era colocado no ambiente claro e o animal no ambiente escuro. O rato deveria vencer sua aversão natural ao ambiente claro para buscar do alimento. O terceiro teste utilizado foi realizado em um grupo de animais habituados ao consumo de chocolate ao leite por 3 dias e, após, testados em uma arena de campo aberto, a qual continha alguns buracos no assoalho recoberto com maravalha. Dois pedaços de chocolate foram escondidos embaixo da maravalha e o tempo entre a colocação do animal na arena e descoberta do chocolate foi utilizado para avaliação da sua capacidade olfativa. RESULTADOS: Uma ANOVA mostrou efeito da isquemia sobre o consumo de alimento doce no estado alimentado (C: 1,95±0,14; S: 1,53±0,15; I: 1,0±0,28; quantidade (g) expressa em média±EP; p<0,05). O consumo não foi diferente entre os grupos no estado de jejum. Este efeito deveu-se principalmente a uma maior latência para iniciar a ingestão do alimento. No tese de claro/escuro, os ratos isquêmicos, diferentemente dos grupos C e S, se mantiveram mais tempo no lado escuro, mesmo em jejum (p<0,05). A análise da capacidade olfativa revelou que os animais isquêmicos apresentam retardo na latência para encontrar o alimento palatável, quando comparados com o grupo sham (S: 45,11±8,58; I: 98,50±25,04; t(s) expresso em média±EP; p<0,05). CONCLUSÕES: O consumo de alimento doce foi afetado em animais submetidos à isquemia cerebral global, talvez como resultado de uma menor percepção olfatória. Não houve, porém, efeito sobre a atividade motora, avaliada através de um teste de campo aberto. Estes resultados sugerem que a isquemia cerebral global pode ter consequências sobre a percepção de sentidos como gustação e olfato, ou ainda sobre a motivação dos animais em buscar uma recompensa como, por exemplo, os alimentos palatáveis.


Palavras-chave:  isquemia cerebral, comportamento alimentar, paladar e olfato, ratos