Resumo

Nos mamíferos, os glicocorticóides estão associados à resposta ao estresse, contudo alguns estudos têm mostrado seu envolvimento no estabelecimento de pares acasalados e na modulação de comportamentos associados ao cuidado parental. Neste sentido, o objetivo desse estudo foi avaliar a influência dos estímulos sensoriais de filhotes não aparentados de sagüi nos níveis plasmáticos de cortisol de machos adultos não reprodutores. Foram utilizados 12 machos adultos nascidos em cativeiro, seis deles com experiência prévia no cuidado aloparental e 6 deles sem experiência. Cada macho foi exposto 4 vezes a um infante recém-nascido colocado em uma caixa teste durante 15 minutos, que estava em 2 condições: a) fechada, não permitindo a interação do macho com o filhote e b) aberta, permitindo a ocorrência de interação social entre os animais. Na primeira condição, a única pista sensorial fornecida ao macho foi a visão do infante. Na segunda, os machos foram expostos a outras pistas como a auditiva, a olfativa e a tátil, já que podiam se aproximar e interagir socialmente com o infante. Após cada teste foram coletadas amostras de sangue dos machos para determinação dos níveis de cortisol plasmáticos dos machos. Foi verificada uma diferença significativa nos níveis plasmáticos de cortisol entre as 2 condições testadas. Machos apresentaram os maiores valores de cortisol quando a porta da caixa teste foi mantida fechada, ou seja, quando não havia a possibilidade de interação. A comparação do perfil hormonal dos machos com relação a experiência prévia no cuidado também mostrou que os machos experientes apresentaram um aumento significativo do cortisol quando a porta da caixa teste foi mantida fechada. Assim, sugere-se que o aumento do cortisol após a exposição a caixa teste com a porta fechada particularmente pelos animais experientes pode ser devido ao reconhecimento do infante o que pode ter ocasionado uma resposta de estresse pelo não acesso e interação com o filhote recém-nascido.