SBNeC 2010
Resumo:F.076


Poster (Painel)
F.076NÍVEIS DE GABA E GLUTAMATO CENTRAIS E ASPECTOS COMPORTAMENTAIS DE RATOS SUBMETIDOS À DEFICIÊNCIA GRAVE DE TIAMINA
Autores:Paulo Renato Andrade (UFMG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) ; Patrícia da Silva Oliveira (UFMG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) ; Ana Raquel Pereira Caixeta (UFMG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) ; Sílvia Rejane Castanheira Pereira (UFMG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) ; Ângela Maria Ribeiro (UFMG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS)

Resumo

Em estudos prévios, utilizando roedor como modelo experimental, observamos que a deficiência de tiamina (DT) pode causar prejuízos no aprendizado de tarefas espaciais realizadas no Labirinto Aquático de Morris (LAM). A DT provoca disfunções e/ou lesões em diferentes regiões do encéfalo como, por exemplo, o tálamo. Sabe-se que regiões que estão envolvidas com aspectos cognitivos espaciais, como o hipocampo e córtex pré-frontal (CPF), possuem conexões com o tálamo e, portanto, podem também serem afetadas pela DT. A interação coordenada entre estímulos excitatórios e inibitórios originados nos sistemas glutamatérgico e GABAérgico nessas regiões parece fundamental em processos cognitivos. No presente estudo, propusemos verificar os efeitos de uma deficiência grave de tiamina sobre: (i) os níveis de Ácido gama-aminobutírico (GABA) e glutamato em diferentes regiões cerebrais; (ii) o desempenho cognitivo dos animais em tarefas espaciais e, além disto, avaliar se existem correlações entre as variáveis biológicas e os aspectos cognitivos avaliados. Como a tarefa avaliada no LAM envolve a utilização de estimulo aversivo e, considerando que a substância cinzenta periaquedutal dorsal está envolvida com aspectos do estado emocional, incluímos também a determinação das concentrações desses neurotransmissores nessa região. Doze ratos da linhagem Wistar, com ~3 meses de idade foram divididos em dois grupos, de acordo com o tipo de tratamento: Controle, (C, n= 7) que receberam injeções de salina, água e ração padrão ad libitum e Deficientes de Tiamina (D, n= 5), que receberam injeções de piritiamina (inibidor da enzima que produz a forma fosforilada ativa da tiamina), água e ração deficiente de tiamina ad libitum. O episódio de DT foi interrompido quando os animais apresentaram sinais neurológicos (convulsão e/ou perda do reflexo de endireitamento) da deficiência. As concentrações de GABA e glutamato foram determinadas por cromatografia líquida de alta performance (HPLC). Não houve perda de peso significativa (p=0,375) nos animais que receberam ração deficiente em tiamina. Durante o treino, a latência (p=0.014) e a distância percorrida (p=0,033) pelos animais do grupo C foram menores quando comparadas aos animais do grupo D. No entanto, esses os animais do grupo D foram capazes de aprender a tarefa espacial, pois na última sessão da aquisição não houve diferença significativa entre os dois grupos (p=0,173). A DT não causou efeito significativo na memória de referência espacial e no índice de extinção dos animais. As concentrações de glutamato e GABA não foram afetadas no tálamo. Houve diminuição nos níveis de GABA (p=0.027) e glutamato (p=0.029) no CPF, e aumento significativo na concentração de GABA na SCP (p=0.024). Análise de regressão linear entre os parâmetros comportamentais e neuroquímicos, mostrou correlação negativa significativa (r=-0,63, p=0,029) entre a concentração de GABA no CPF e a latência na 3ª sessão do LAM. Esse dado indica que os níveis de GABA no CPF estão relacionados com o processo de aquisição, de tal forma que quanto menor a concentração do neurotransmissor, maior a latência e, portanto, pior o desempenho do animal. Concluímos que circuitos GABAérgicos do CPF podem ser componentes importantes dos mecanismos biológicos de processos de aprendizagem espacial e, podem ser alterados pela deficiência de tiamina.


Palavras-chave:  Deficiência Grave de Tiamina, GABA e Glutamato, Labirinto Aquático de Morris, Memória espacial, Ratos