Resumo

A privação parcial de sono, promovida pelo atraso de fase de sono e pela pressão social dos horários escolares, pode ser considerada o principal promotor do aumento da sonolência diurna dos adolescentes, principalmente em dias letivos. Alguns estudos têm apresentado um efeito positivo da aplicação de programas de educação sobre o sono (PES). Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de um PES sobre o ciclo vigília/sono e desempenho psicomotor de adolescentes. Este projeto foi aprovado pelo comitê de ética do setor de Ciências Biológicas – UFPR. Participaram deste estudo 21 adolescentes, com idade entre 13 e 14 anos, de uma escola pública de Curitiba-PR. Estes adolescentes foram separados em dois grupos: Experimental (10) o qual foi submetido ao PES, e Controle (11) que não foi submetido ao programa. Variáveis associadas ao ciclo vigília/sono (CVS) foram avaliadas antes e após o programa, que teve a duração de uma semana. Os dados do CVS, início, término e duração foram obtidos através da actimetria. O desempenho psicomotor foi avaliado através da tarefa de vigilância psicomotora (PVT), em dois momentos diferentes, 8h e 11h dos dias letivos. A sonolência subjetiva foi avaliada através da Escala de Sonolência de Karolinska (KSS), sendo realizada previamente às aplicações do PVT. As médias das variáveis obtidas foram comparadas, antes e depois da intervenção, através da análise de variância de duas vias, tendo como fatores o grupo (controle ou experimental) e tratamento (antes e após a intervenção). A comparação de médias através da análise de variância não detectou efeito da intervenção sobre os padrões de sono: médias para 5 dias do horário de início de sono (F=1,31 e p=0,26), horário de despertar (F=0,01 e p=0,90), duração de sono noturno (F=0,90 e p=0,35). As variáveis de sonolência subjetiva, analisadas através da comparação de médias pela análise de variância também não demonstrou efeito da intervenção, KSS8h (F=0,27 e p=0,60), KSS11h (F=4,05 e p=0,058). As análises de variância para as médias do tempo de reação (TR) demonstram, para o primeiro momento (PVT8h), uma interação entre o tratamento e a condição (F=5,06 e p<0,05),porém o que ocorre é apenas uma tendência do grupo Controle em aumentar o TR após a intervenção (Tukey p=0,07). Não foram detectadas diferenças estatísticas para as médias de TR do segundo momento (PVT11h, F=1,60 e p=0,22). A análise dos resultados não indica qualquer efeito do programa de educação sobre o sono e sugerem que intervenções de curta duração como a desenvolvida no estudo não têm efeito sobre os padrões de sono e a sonolência diurna de adolescentes. Intervenções mais duradouras devem ser avaliadas para verificar a validade desse tipo de programa como medida preventiva da sonolência excessiva diurna em adolescentes.