Prêmio
C.029 | EFEITO DA QUIMIOTERAPIA NA PERCEPÇÃO VISUAL DE MULHERES MASTECTOMIZADAS | Autores: | Michael Jackson Oliveira Andrade (UFPB - Universidade Federal da ParaíbaUFPB - Universidade Federal da ParaíbaUFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Haydêe Cassé Silva (UFPB - Universidade Federal da ParaíbaUFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Natanael Antonio Santos (UFPB - Universidade Federal da ParaíbaUFPB - Universidade Federal da ParaíbaUFPB - Universidade Federal da Paraíba) |
Resumo O termo quimioterapia define o tratamento feito por meios de agentes químicos que podem interferir sobre uma patologia causando efeitos tóxicos ao organismo vivo. Popularmente este termo tem sido aplicado ao uso de drogas químicas para o tratamento do câncer. O tratamento sistêmico do câncer se faz através da administração de drogas antineoplásicas que interferem nos mecanismos de sobrevivência, proliferação e migração celular. As drogas antineoplásicas não agem apenas nas células cancerosas e, por via sistêmica, pode atingir o Sistema Nervoso Central (SNC) causando possível reação em células normais, inclusive em regiões do córtex visual responsáveis pela percepção visual. Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo investigar os efeitos da quimioterapia nos processos sensórios e cognitivos em voluntárias mastectomizadas. Para isto, foi utilizada como ferramenta a Função de Sensibilidade ao Contraste, uma medida psicofísica que determina a menor quantidade de contraste que o sistema visual precisa para detectar um padrão visual. A sensibilidade ao contraste é um dos indicadores da percepção visual, pois ela descreve o desempenho do sistema visual humano em níveis diferentes de contraste. Participaram desta pesquisa 20 voluntárias com faixa etária entre 35 a 48 anos (M = 42 anos) e acuidade visual normal ou corrigida, onde dez voluntárias tiveram a administração de drogas antineoplásicas, após realização da mastectomia, em seis ciclos de mesmo componente químico concluído 4,8 meses antes da sessão experimental, compondo assim, o grupo experimental (GE). O grupo controle (GC) foi composto por dez voluntárias sem patologia identificável e sem uso das drogas antineoplásicas. As medidas de sensibilidade ao contraste foram realizadas utilizando estímulos visuais de frequências espaciais verticais de 0,25; 1; 4 e 8 cpg (ciclo por grau de ângulo visual). O procedimento para medir a sensibilidade consistiu na apresentação sucessiva simples de pares de estímulos com método psicofísico da escolha forçada onde as voluntárias eram orientadas a escolher sempre dentre eles aquele que continha a freqüência espacial de teste. Utilizou-se um PC contendo uma placa de vídeo de 128 megabits com esntrada VGA e DVI conectado ao um Bits ++ (Cambridge Research Systems), os estímulos foram gerados em tons de cinza e apresentados aleatoriamente num monitor de vídeo a 150 cm da tela.. O outro estímulo neutro foi sempre um padrão homogêneo com a luminância média de 42,4 cd/m2 medido e controlado por um fotômetro OptiCAL (Cambridge Research Systems). Após o término de cada sessão experimental, o computador emitiu uma folha de resultados com os valores de contraste, média e desvio padrão. Estes valores de contraste foram agrupados em planilhas por freqüência espacial e por condições (GC e GE). A ANOVA (análise de variância) mostrou diferença significante entre o limiar de contraste do GC e do GE (F (1,238)=22,73; p<0,001). Entretanto, o teste post-hoc Tukey HSD revelou diferença significante apenas na freqüência de 8 cpg (p< 0,001), onde o GC foi da ordem de 1,6 vezes mais sensível do que o GE. Os resultados sugerem que a sensibilidade ao contraste nas freqüências espaciais mais altas é alterada pela ação de drogas antineoplásicas. Estudos futuros desta natureza podem contribuir para o enriquecimento da investigação científica, e a sua aplicabilidade em diversas áreas do conhecimento, como, neurociências, farmacologia, oncologia e psicologia. Palavras-chave: drogas antineoplásicas, quimioterapia, mastectomia, percepção visual, função de sensibilidade ao contraste |