SBNeC 2010
Resumo:E.012


Poster (Painel)
E.012Existe estampa temporal em memória de habituação?
Autores:Nathália Lucena Diniz (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) ; Caio Fernando Pimenta Medeiros (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) ; Breno Tercio Santos Carneiro (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) ; Samia Dayana Cardoso Jorge (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte) ; John Fontenele Araujo (UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte)

Resumo

Por memória entende-se a retenção e armazenamento de informações adquiridas pelo sujeito em suas interações como o meio. A memória de habituação é um tipo de aprendizagem simples, na qual há uma redução nos comportamentos após a exposição repetida aos estímulos que, por serem não-ameaçadores, tendem a ser ignorados pelo sujeito. Sabe-se que a coincidência entre os horários de aquisição e evocação modula a eficiência da resposta em alguns tipos de memória. Este fenômeno é conhecido como estampa temporal e é observado em roedores e primatas. Além disso, a idade é um fator que altera tanto o funcionamento do sistema circadiano quanto a formação de memória. O objetivo do presente estudo foi o de verificar se a memória de habituação apresenta estampa temporal e se a idade influencia este fenômeno. Foram utilizados 27 ratos Wistar, sendo 11 idosos (8 meses, 1 macho e 10 fêmeas) e 16 jovens (3 meses, 16 fêmeas), submetidos a condições normais de ciclo claro-escuro 12h:12h, com água e ração à vontade. Jovens e idosos foram divididos em dois grupos, cada. Para avaliar a estampa temporal, um grupo foi submetido a duas sessões do teste do campo aberto no mesmo horário (8h30-8h30, ZT02-ZT02) e outro a sessões em horários diferentes (8h30-16h30, ZT02-ZT10). Cada sessão teve duração de 5 minutos. A variável analisada foi o número total de quadrantes percorridos. Comparações dentro dos grupos foram feitas através de teste t para amostras dependentes e comparações entre grupos através de teste t para amostras independentes. Observamos que os ratos idosos apresentaram um menor nível de atividade locomotora em ambas as sessões (sessão 1: jovens 78 ± 4,3 vs. idosos 48,9 ± 5,5, p < 0,001; sessão 2: jovens 65,8 ± 6,5 vs. idosos 39,8 ± 4,3, p < 0,01). Considerando apenas a idade como variável independente, observamos habituação (menor exploração na sessão 2) nos animais jovens (p < 0,05) e uma forte tendência à habituação nos animais idosos (p = 0,059). Para os animais jovens observamos diferença significativa entre a exploração na primeira e segunda sessão apenas no grupo testado em horários diferentes (grupo ‘mesmo horário’: 79,1 ± 5,8 vs. 69,8 ± 10,2, p = 0,277; grupo horário diferente: 76,8 ± 7,8 vs. 61,7 ± 8,9, p < 0,05), embora não tenha havido diferença na exploração quando comparamos os grupos (sessão 1, p = 0,75; sessão 2, p = 0,64). Para os idosos não se observou diferença entre a exploração nas sessões 1 e 2 nos grupos ‘mesmo horário’ (52 ± 8,5 vs. 44,2 ± 7,3, p = 0,11) ou ‘horário diferente’ (46,3 ± 7,8 vs. 36,1 ± 5,3, p = 0,23). Também para os animais idosos, não encontramos diferença entre os grupos (sessão 1, P = 0,63; sessão 2, p = 0,38). A partir dos nossos resultados podemos sugerir que a memória de habituação ocorre tanto em ratos jovens como em idosos e que a estampa temporal não existe na memória de habituação. Provavelmente isto acontece em decorrência da memória de habituação ser um processo muito estável, não tendo interferência do sistema circadiano e nem da idade.


Palavras-chave:  ritmo circadiano, memória, estampa temporal