SBNeC 2010
Resumo:F.093


Poster (Painel)
F.093RELAÇÃO ENTRE A ATIVIDADE ENDÓCRINA DE RATOS EXPOSTOS AO ESTRESSE POR ISOLAMENTO SOCIAL E O COMPORTAMENTO EXPLORATÓRIO NO LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO
Autores:Fernando Midea Cuccovia Vasconcelos Reis (FFCLRP - USP - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão PretoINEC - Instituto de Neurociências e Comportamento) ; Lucas Albrechet Souza (FFCLRP - USP - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão PretoINEC - Instituto de Neurociências e Comportamento) ; Celso Rodrigues Franci (FMRP - USP - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) ; Marcus Lira Brandão (FFCLRP - USP - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão PretoINEC - Instituto de Neurociências e Comportamento)

Resumo

O isolamento social, considerado um evento estressor em animais sociais, é caracterizado como um método não farmacológico de indução de alterações fisiológicas e comportamentais em roedores. O teste do labirinto em cruz elevado (LCE) tem sido uma ferramenta útil para o estudo das bases biológicas das emoções, que incluem também alterações hormonais. Nesse sentido, dentre os mecanismos envolvidos na resposta ao estresse destaca-se a participação dos hormônios esteróides, como a corticosterona e a testosterona. Objetivos: Verificar se o isolamento social produz alterações nas concentrações plasmáticas de corticosterona e testosterona e se essas medidas se correlacionam com a reatividade comportamental de animais submetidos ao teste do LCE. Métodos: Ratos Wistar machos (250-300g) foram submetidos a diferentes períodos de isolamento (30 min, 2 h, 24 h e 7 dias) e posteriormente expostos ou não ao LCE. Os animais controle permaneceram em grupos de quatro animais. Imediatamente após o período de isolamento ou após teste, os animais foram sacrificados por decapitação e amostras de sangue foram coletadas para dosagem dos hormônios por radioimunoensaio. Resultados: A ANOVA mostrou que, de maneira geral, a exposição ao LCE produz aumento de corticosterona plasmática em todos os grupos em relação aos animais não submetidos ao teste. No entanto, independentemente da exposição ao LCE, o período de 30 min de isolamento produziu um aumento nos níveis plasmáticos de corticosterona (animais expostos ao LCE: 81,44 ± 14,80; animais não expostos ao LCE: 47,69 ± 9,23) quando comparados aos respectivos grupos controle (47,18 ± 10,16; 20,25 ± 4,76). Além disso, esses animais submetidos a 30 min de isolamento apresentaram um aumento na freqüência do comportamento de esticamento no LCE (7,0 ± 0,37; grupo controle: 4,83 ± 0,98). Esse comportamento apresentou uma correlação positiva com os níveis plasmáticos de corticosterona (R= 0,43) em todos os animais avaliados. Os níveis de testosterona plasmática não foram alterados pelo isolamento social ou pela exposição ao LCE, mas correlacionaram-se negativamente com a freqüência de esticamentos no LCE (R= -0,38). Os animais submetidos a 24 h de isolamento apresentaram uma redução da reatividade comportamental no LCE evidenciada por uma diminuição na porcentagem de tempo de permanência nos braços abertos (5,11 ± 2,59; grupo controle: 24,50 ± 3,87), na porcentagem do número de entradas nos braços abertos (5,47 ± 2,71; grupo controle: 18,67 ± 1,87) e na frequência de exploração de suas extremidades (0,83 ± 0,40; grupo controle: 5,0 ± 0,82). Conclusões: Parece haver uma dissociação entre os níveis de corticosterona plasmática e as medidas tradicionais exibidas no LCE, uma vez que os animais com maiores concentrações de corticosterona plasmática (30 min) não apresentaram alterações nas categorias comportamentais tradicionais avaliadas no LCE. Por outro lado, os animais que apresentaram uma redução significativa da exploração dos braços abertos do LCE (24 h) não tiveram suas concentrações de corticosterona plasmática alteradas. Os resultados mostraram ainda uma correlação positiva entre a frequência de esticamentos e os níveis plasmáticos de corticosterona e uma correlação negativa entre esse comportamento e os níveis de testosterona plasmática. Esse padrão hormônio-comportamento parece fundamental para as alterações na reatividade emocional produzidas pelo estresse prévio.


Palavras-chave:  Ansiedade, Comportamento, Corticosterona, Estresse, Testosterona