SBNeC 2010
Resumo:J.085


Prêmio
J.085ANÁLISE DO PAPEL DA INTERLEUCINA 1-BETA NA FASE AGUDA DO MODELO DE EPILEPSIA INDUZIDO PELA PILOCARPINA UTILIZANDO A INTERFERÊNCIA POR RNA in vivo
Autores:Rafael Marchesini (FCM-UNICAMP - Departamento de Genética MédicaCINAPCE - Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisa) ; Vinicius Pascoal (FCM-UNICAMP - Departamento de Genética MédicaCINAPCE - Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisa) ; Alexandre Matos (FCM-UNICAMP - Departamento de Genética MédicaCINAPCE - Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisa) ; Fabio Conte (FCM-UNICAMP - Departamento de Genética MédicaCINAPCE - Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisa) ; Tiago Pereira (FCM-UNICAMP - Departamento de Genética MédicaUSP - Departamento de Biologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e) ; Rovilson Gilioli (CEMIB-UNICAMP - Centro Multidisciplinar de Investigação Biológica) ; Jackeline Malheiros (IFSC-USP - Depto de Física e Bioinformática, Laboratório de RessonânciaCINAPCE - Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisa) ; Roberson Polli (IFSC-USP - Depto de Física e Bioinformática, Laboratório de RessonânciaCINAPCE - Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisa) ; Hilde Buzza (IFSC-USP - Depto de Física e Bioinformática, Laboratório de RessonânciaCINAPCE - Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisa) ; Alberto Tanus (IFSC-USP - Depto de Física e Bioinformática, Laboratório de RessonânciaCINAPCE - Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisa) ; Luciene Covolan (UNIFESP/EPM - Departamento de FisiologiaCINAPCE - Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisa) ; Licio Velloso (FCM-UNICAMP - Departamento de Clínica Médica) ; Esper Cavalheiro (UNIFESP/EPM - Departamento de Neurologia e NeurocirurgiaCINAPCE - Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisa) ; Fernando Cendes (FCM – UNICAMP - Departamento de NeurologiaCINAPCE - Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisa) ; Iscia Lopes-cendes (FCM-UNICAMP - Departamento de Genética MédicaCINAPCE - Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisa)

Resumo

OBJETIVO: Dentre as diversas citocinas a interleucina-1 beta (Il1b) é um importante mediador da resposta no sistema nervoso central (SNC). Em modelos animais de epilepsia, existem controvérsias se a il1b teria uma ação neurotóxica levando a efeitos pró-convulsivantes ou seu aumento de expressão seria apenas um epifenômeno gerado pelo grande dano celular resultante das crises. O objetivo do trabalho foi analisar se alterações na expressão da il1b e do il1rn (antagonista endógeno de il1b) induzidos pela técnica de interferência por RNA (RNAi)agiriam sobre a excitabilidade neuronal durante a fase aguda do modelo de epilepsia induzido pela pilocarpina. MÉTODOS: Os animais foram tratados com injeções intravenosas de siRNA contra os genes il1b e il1rn, conjugados a um peptídeo (RVG) com a finalidade de transportá-los através da barreira hematoencefálica. Utilizamos dois grupos controles (um injetado com tampão PBS e outro com siGFP) e dois grupos experimentais injetados com siil1b e siil1rn. O modelo da pilocarpina foi induzido 48h após as injeções de siRNAs. O tempo para a primeira crise e para o status epilepticus (SE), assim como o número de crises durante a fase aguda foi quantificado por dois observadores independentes. Foram analisados os níveis de expressão de il1b, il1rn, nfkb, tnf-a e do slc1a3. O tecido cerebral de alguns animais foi também utilizado para a análise histológica. RESULTADOS: Confirmamos o silenciamento gênico induzidos pelos siRNAs. O grupo de animais que recebeu siil1b necessitou menos tempo após injeção de pilocarpina para ter a primeira crise, assim como para entrar em SE (p<0,05 ANOVA). Efeito exatamente oposto foi visto nos animais que receberam siilrn, ou seja, esses animais levaram mais tempo para apresentar a primeira crise, assim como para entrar em SE (p<0,05 ANOVA). Observamos ainda que enquanto os animamis controle tiveram uma taxa de mortalidade de 50%, os tratados com siil1b tiveram aumento na mortalidade (75%), e os tratados com siil1rn tiveram uma diminuição na mortalidade (35%). A alteração na expressão de il1b induzida pela RNAi causou uma diferença significativa tanta na abundância de Nfkb quanto de sua atividade (taxa de fosforilação da ikk). Além disso, houve uma diminuição na expressão de slc1a3 nos animais silenciados para il1b, e um aumento nos animais silenciados para il1rn. Slc1a3 é um dos principais recaptadores de glutamato no SNC e tem sua via de sinalização regulada pelo fator de transcrição Nfkb. A análise dos cortes histológicos (Neo-Timm e Cressil) obtidos dos animais que sofreram crises recorrentes após dois meses de observação (fase crônica) e que haviam sido injetados com siil1rn+pilocarpina não demonstrou diferença significativa quando comparados com os animais injetados apenas com pilocarpina. CONCLUSÃO: Portando, a ilib parece ter um papel protetor no SNC por ocasião de eventos excitotóxicos induzidos pela pilocarpina na fase aguda. O mecanismo pelo qual a il1b age parece estar relacionado à alterações e atividade de fatores de transcrições (Nfkb) que por sua vez alteram a expressão de recaptadores de glutamato (Slc1a3). No entanto, esse efeito protetor da il1b, induzido indiretamente pelo silenciamento de seu antagonista endógeno (il1rn), não foi capaz de impedir a ocorrência de crises, (incluindo SE).


Palavras-chave:  Barreira hematoencefálica, glutamato, siRNA, sistema nervoso central