Resumo

Introdução: Estudos mostram que com o passar dos anos, surgiram novos usuários de ecstasy no Brasil, a droga passou a ser consumida em diferentes contextos e por pessoas de diversas classes sociais. Além disso, foram verificadas crenças em relação ao uso de ecstasy, como a idéia de ser uma droga relativamente segura e associada a situações de festas e dança. Entretanto, ainda faltam estudos com pessoas que tiveram oportunidade de usar ecstasy e optaram por não usar e, pessoas que usaram e optaram por interromper o uso. Objetivos: Compreender com base em pesquisa qualitativa, fatores associados à opção de não usar ecstasy entre ex-usuários, usuários experimentais e entre pessoas que tiveram oportunidade e optaram por não usar, na cidade de São Paulo e imediações. Metodologia: Foi utilizado o referencial qualitativo de pesquisa (Análise de Conteúdo), com uma amostra intencional por critérios, composta pela técnica “bola de neve”. Foram realizadas 47 entrevistas semi-estruturadas, sendo não usuários de ecstasy (N=23), usuários experimentais (N=10) e ex-usuários (N=14). Resultados: O grupo de ex-usuários relatou como principais motivos pela parada de uso, a necessidade de se focar profissionalmente/academicamente, “bad-trips”, “ressacas” com sintomas de depressão, queixas de memória, ataques de pânico e redução do prazer de uso. No grupo de usuários experimentais, os motivos relatados foram: não ter gostado ou ter passado mal sob efeito, não ter tido mais oportunidade de uso ou ter perdido a curiosidade. O grupo de não usuários relatou não ter vontade de sentir os efeitos proporcionados pela droga ou medo de passar mal, perder o controle da situação, decepcionar a família ou se tornar dependente. Conclusão: Os relatos dos voluntários mostram diferentes motivos relacionados ao não uso de ecstasy entre os três grupos. As diferenças entre as crenças associadas à droga sugerem a necessidade da elaboração de abordagens distintas que se adaptem à realidade de cada grupo.