SBNeC 2010
Resumo:C.080


Poster (Painel)
C.080Interpretação da Dor Referida Dental por Mecanismos de Integração Neural
Autores:Milene Camargo Regatao (ICB - USP - Departamento de Fisiologia e Biofisica ICB/USP) ; Marcus Vinícius Baldo (ICB - USP - Departamento de Fisiologia e Biofisica ICB/USP)

Resumo

Em nossos estudos observamos que a maioria dos pacientes que têm dor de origem dentária pulpar ou periapical tem dor referida na região de cabeça e pescoço. A intensidade da dor favorece o aparecimento da dor referida e interfere na sua distribuição topográfica. Um maior número de áreas de dor referida parece estar associado à presença de polpa viva (PV) em dentes algógenos. Notamos, também, um padrão de dispersão horizontal da dor referida nos casos de PV e de dor de maior intensidade. Nosso objetivo foi propor um modelo fisiológico baseado em mecanismos de integração neural (convergência, divergência, facilitações espacial e temporal), buscando elucidar os processos envolvidos na geração da dor referida. Analisamos uma amostra de 60 pacientes com manifestações dolorosas de origem endodôntica, por meio do preenchimento de uma ficha clínica com dados referentes às características da manifestação dolorosa, como: intensidade, áreas de referência de dor e diagnóstico provável. Pacientes reportando dor intensa apresentaram dor referida em maior número de áreas de dor (r = 0,60; p <0,01- correlação de Spearman) e de ramos trigeminais (teste exato de Fisher, p<0,01) e com um padrão de dispersão horizontal da dor referida (teste exato de Fisher, p<0,01). Nosso modelo fisiológico explica os dados obtidos por meio da convergência e facilitação temporal, onde o aumento da freqüência de disparos das fibras aferentes contribui para o surgimento e dispersão da dor referida. O diagnóstico de PV apresentou um maior número de áreas de dor referida (teste exato de Fisher, p<0,01) e um padrão de dispersão horizontal da dor (teste exato de Fisher, p<0,01), que pode ser explicado pelo mecanismo de facilitação espacial, com a permanência de nociceptores e um ambiente neuroquímico nos tecidos vivos da polpa favorecendo a ampliação da dor. A organização hodológica do núcleo espinal do trigêmeo (em “casca de cebola”) e mecanismos fisiológicos básicos de integração neural, como a facilitação espacial e temporal, podem explicar de maneira satisfatória várias características da dor referida de origem dentária.


Palavras-chave:  Dor, Dor dentaria, Dor referida, Neurofisiologia, Sistemas sensoriais