SBNeC 2010
Resumo:F.146


Poster (Painel)
F.146Orientação direita-esquerda e aritmética: estudo sobre desempenho e correlação
Autores:José Antônio de Oliveira Júnior (UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto) ; Nathália Luiz de Freitas (UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto) ; Fernanda de Oliveira Ferreira (UFOP - Universidade Federal de Ouro PretoUFMG - Universidade Federal de Minas Gerais) ; Vítor Geraldi Haase (UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais)

Resumo

O domínio da orientação espacial direita-esquerda é essencial ao ser humano, tendo importância que varia desde o desenvolvimento de habilidades cognitivas simples, como o direcionamento durante a locomoção, até a efetivação de processos cognitivos complexos, como a aprendizagem. Evidências apontam a existência de uma linha numérica mental, espacialmente orientada da direita para a esquerda, sendo que os números menores são representados mentalmente à esquerda e os números maiores são mentalmente representados à direita (Dehaene, 1997) configurando o efeito SNARC (Fias e Fischer, 2005; Wood, 2008), que é contrário em sistemas alfabéticos e numéricos invertidos. Na aprendizagem matemática é possível que a orientação direita-esquerda exerça alguma influência, já que mecanismos relacionados ao valor posicional do algarismo na transcodificação numérica e na armação de cálculos, por exemplo, parecem requerer o domínio de tal orientação. Objetivos: 1) Investigar a existência de relações entre a percepção direita-esquerda e o desempenho em aritmética; 2) Verificar o desempenho de escolares com e sem dificuldades em aritmética no reconhecimento da orientação direita-esquerda. Métodos: A pesquisa foi aprovada pelos comitês de ética em pesquisa da UFOP e UFMG. Participaram 199 alunos do 2º ao 7º ano – de 7 a 12 anos –, de ambos os sexos, de escolas públicas e privadas de três municípios da região central de Minas Gerais. Foi utilizado o subteste de aritmética do Teste de Desempenho Escolar, TDE, (Stein, 1994). Esse subteste é composto por 38 problemas matemáticos, sendo 3 orais e 35 escritos, com variações de complexidade. Após a separação dos grupos em controle e dificuldade de aprendizagem em matemática – DAM – segundo o desempenho no TDE, utilizou-se a tarefa de avaliação da orientação direita-esquerda, a qual consiste na mensuração do desempenho do participante em identificar os dois lados, no próprio corpo e no corpo do examinador. A tarefa possui 12 ensaios, sendo 8 no corpo da criança e 4 no corpo do examinador, variando entre comandos únicos e comandos duplos, cruzados e não. A aplicação da tarefa consiste na solicitação para criança mostrar partes do corpo a partir de comandos verbais. Resultados: As análises do cálculo de coeficiente de correlação de Spearman revelaram correlações positivas e significativas entre as tarefas que avaliam habilidades matemáticas e a orientação direita-esquerda (r = 0,48; p <0,0001). O grupo controle apresentou melhor desempenho quando comparado ao grupo DAM (t=-4,79; df=197; sig=<0,0001) na tarefa da avaliação da orientação direita-esquerda. Conclusões: Os resultados das análises de correlação de Spearman sugerem a existência de relações entre habilidades aritméticas e a capacidade para perceber as orientações espaciais direita e esquerda. A diferença significativa de desempenho encontrada entre os grupos controle e DAM fortalece a hipótese de existência da referida relação, além de sugerir que os alunos sem dificuldades de aprendizagem em matemática possuem maior domínio de orientação espacial.


Palavras-chave:  Aritmética, Desempenho aritmético, Orientação direita-esquerda