SBNeC 2010
Resumo:F.005


Prêmio
F.005Novas perspectivas do uso de um modelo de interação presa-predador para o estudo de respostas de medo condicionado contextual
Autores:Lígia Scarpa Vilar (FCFAR - UNESP - Universidade Estadual Paulista) ; Vanessa Cristiane Santana Amaral (FCFAR - UNESP - Universidade Estadual PaulistaPIPGCF/UFSCAR-UNESP - UFSCar - UNESPUNUCET - UEG - Universidade Estadual de Goiás) ; Ricardo Luiz Nunes de Souza (FCFAR - UNESP - Universidade Estadual Paulista)

Resumo

A utilização de predadores e/ou de seus odores para o estudo de medo condicionado tem sido descrita na literatura. A utilização desses estímulos fornece um meio para elimininar/reduzir o impacto do uso de estímulos dolorosos na análise das respostas emocionais, incluindo aquelas envolvidas nos condicionamentos contextual e por pistas específicas. A respota de medo condicionado contextual é induzida pela reexposição de um animal a um ambiente no qual ele tenha previamente recebido um estímulo aversivo incondicionado. Nesse sentido, o teste de exposição ao rato (do inglês: Test Exposure Test - RET) é um modelo de interação presa-predador desenvolvido para se avaliar comportamentos defensivos de camundongos (ex., esquiva, avaliação de risco, etc.) diante do rato. Constituído por uma caixa com 2 compartimentos similares divididos por uma tela de arame, o RET apresenta um dos compartimentos conectado via um túnel a uma caixa menor que serve de abrigo ao camundongo durante o teste. Sabendo-se que a presença de um predador natural configura um estressor psicológico aos animais e tem sido reportada como um estímulo incondicionado biologicamente relevante, esse estudo objetivou: (i) avaliar se camundongos expostos ao predador no RET exibem respostas de medo condicionado contextual; (ii) analisar comparativamente as respostas de medo condicionado contextual observadas após 4 h (memória de curto prazo - MCP) e 24 h (memória de longo prazo - MLP) da exposição ao predador no RET. Metodologia: Camundongos Suíços (n= 11-15) foram submetidos a 2 protocolos experimentais distintos, MCP e MLP. Os animais foram inicialmente habituados ao RET, sem o rato. Nos 2 dias subsequentes, após um intervalo de 24 h entre as exposições, cada camundongo foi exposto ao rato por 10 minutos nesse aparato e, imediatamente após a segunda exposição, recebeu injeção de salina (0,1 mL - 10 g, i.p.). Para avaliar se os animais exibiam respostas de medo condicionado ao contexto, cada camundongo foi reexposto ao RET, sem o rato, após 4 h (MCP) e 24 h (MLP) da última sessão de condicionamento. Resultados: Para ambos os protocolos, foi observado um aumento estatisticamente significante no tempo de permanência dos animais na toca durante o contexto [MCP: 156,61 ± 20,55; MLP: 106,30 ± 15,17] em relação ao dia da habituação [MCP: 41,75 ± 6,94; MLP: 56,26 ± 5,00; p<0,05]. Além disso, foi verificada uma redução significativa no tempo na superfície durante o contexto [MCP: 113,26 ± 21,00; MLP: 147,57 ± 14,64] quando comparado à habituação [MCP: 229,28 ± 10,20; MLP: 203,87 ± 6,78; p<0,05]. Ademais, a análise comparativa entre os 2 protocolos revelou que os animais MCP apresentaram maior magnitude na resposta de permanência na toca [tempo contexto - tempo habituação = Δ] no segundo (Δ= 32,45), terceiro (Δ= 25,94) e quarto minuto (Δ= 23,42) em relação aos animais MLP (Δ= 15,27; 10,00; 7,38, respectivamente). Similarmente, foi observada uma maior magnitude na resposta de permanência na superfície no terceiro (Δ= -26,81) e quarto minuto (Δ= -21,75) em relação aos animais MLP (Δ= -9,50; - 2,02, respectivamente). Conclusões: O presente estudo demonstra que camundongos expostos ao predador no RET exibem respostas de medo contextual a curto e longo prazo. Além disso, esse estudo apresenta novas evidências que fortalecem o uso do RET como um novo modelo para avaliação de respostas de medo condicionadas ao contexto.


Palavras-chave:  Teste de exposição ao rato, medo contextual, interação presa-predador