SBNeC 2010
Resumo:F.054


Prêmio
F.054Aprendizados adicionais aceleram a reorganização de memórias aversivas
Autores:Josué Haubrich (UFRGS - Universidade Federal do RIo Grande do Sul) ; Lindsey de Freitas Cassini (UFRGS - Universidade Federal do RIo Grande do Sul) ; Lucas de Oliveira Alvares (UFRGS - Universidade Federal do RIo Grande do Sul) ; Felipe Diehl (UFRGS - Universidade Federal do RIo Grande do Sul) ; Fabiana Santana (UFRGS - Universidade Federal do RIo Grande do Sul) ; Ana Paula Crestani (UFRGS - Universidade Federal do RIo Grande do Sul) ; Jorge Alberto Quillfeldt (UFRGS - Universidade Federal do RIo Grande do Sul)

Resumo

Introdução e objetivo: Após os períodos iniciais de aquisição e consolidação, as memórias passam por um lento processo de reorganização conhecido como consolidação sistêmica. O hipocampo é apenas necessário para a evocação da memória da tarefa de Esquiva Inibitória (EI) até cerca de 30 dias pós-treino - após isso a evocação se torna independente do hipocampo e dependente de estruturas corticais. O objetivo deste estudo foi avaliar se aprendizados adicionais aceleram o processo de reorganização da memória e a sua independência do hipocampo. Métodos: 50 ratos Wistar machos foram treinados na tarefa de EI (2 choques de 0,7 mA/2s), e divididos em dois grupos, Multitarefas (MT) e Sem Multitarefas (SMT). A canulação estereotáxica bilateral no hipocampo foi feita 5 dias antes do teste, que ocorreu 20 dias após o treino. Durante o intervalo entre o treino e o teste da EI, apenas os animais do grupo MT foram submetidos às tarefas adicionais de Reconhecimento de Objetos e Labirinto Aquático de Morris. Em ambos os grupos, os animais foram infundidos com TFS ou muscimol 1ug/lado 20 min. pré-teste. Resultados: Os tempos de latência (medida de memória) dos ratos do grupo SMT tratados com TFS (N = 14; Treino: Mediana [Md] = 9s, Intervalo Interquartil [I.I.] = 3 – 11s; Teste: Md = 18,5s, I.I. = 5 – 180s) foram significativamente superiores no teste em relação ao treino (p=0,02 - Teste de Wilcoxon), indicando que os ratos aprenderam com sucesso a tarefa, mas nos animais do grupo SMT tratados com muscimol (N = 9; Treino: Md = 7s, II = 6 – 9,25s; Teste: Md = 8s, I.I. = 3,25 - 60s) não houve diferença entre treino e teste (p=0,4 - Teste de Wilcoxon), indicando um efeito amnésico da droga. Já no grupo MT, os ratos tratados tanto com TFS (N = 12; Treino: Md = 7s, I.I. = 4,25 – 10,25s; Teste: Md = 14,5s, I.I. = 5,25 – 24,5s) quanto com Muscimol (N = 9; Treino: Md = 8s, I.I. = 6,75 – 13,5s; Teste: Md = 53s, I.I. = 8,25 – 118,5s) apresentaram tempo de latência no teste significativamente superior ao treino (p=0,04 e p=0,03, respectivamente – Teste de Wilcoxon). Conclusão: O muscimol intrahipocampal foi amnésico na evocação da memória de EI 20 dias pós-treino apenas nos animais que não passaram pelo protocolo MT, o que sugere que os aprendizados adicionais de alguma forma aceleraram o processo de reorganização da memória, fazendo com que seu traço original se tornasse independente do hipocampo mais rapidamente.


Palavras-chave:  consolidação sistêmica, esquiva inibitória, hipocampo, memória, multitarefas