SBNeC 2010
Resumo:C.034


Prêmio
C.034PERCEPÇÃO VISUAL DE CONTRASTE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM EPILEPSIA: AVALIAÇÃO DOS EFEITOS DA CARBAMAZEPINA
Autores:Meiryland Melo da Cunha (UFPB - Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento) ; Anne Gleide Filgueira Pereira (UFPB - Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento) ; Liana Chaves Mendes (UFPE - Laboratório de Percepção Visual – LabVisUFPB - Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento) ; Natanael Antonio dos Santos (UFPB - Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento)

Resumo

As pessoas diagnosticadas com epilepsia têm demonstrado prejuízos visuais, que podem ser causados pelos fármacos anticonvulsivantes. A carbamazepina é uma das drogas antiepilépticas que pode comprometer a percepção visual. O objetivo desta pesquisa foi medir e comparar a função de sensibilidade ao contraste (FSC) de crianças e adolescentes com epilepsia que faziam uso da monoterapia de carbamazepina e de crianças e adolescentes saudáveis, verificando possíveis alterações no processamento visual de contraste relacionadas a esta medicação. Participaram do estudo 12 crianças e adolescentes, seis com epilepsia (crises generalizadas do tipo tônico-clônica) e seis sem epilepsia, de ambos os sexos e com faixa etária entre 7 e 14 anos. Os voluntários com epilepsia utilizavam apenas a carbamazepina como forma exclusiva de tratamento (200 ou 400 mg/dia). O tempo médio que os participantes utilizavam esta medicação era quatro anos. Todos apresentavam acuidade visual normal, com ou sem correção. A participação nesta pesquisa ocorreu mediante a assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido, pelos responsáveis das crianças e adolescentes. As medidas da FSC foram obtidas binocularmente, a uma distância de 150 cm de um monitor LG de 19 polegadas. Foram utilizadas grades senoidais acromáticas e estáticas, com frequências espaciais de 0,25; 2 e 8 ciclos por grau de ângulo visual (cpg) e o paradigma psicofísico da escolha forçada entre duas alternativas temporais. Este paradigma consiste na apresentação sucessiva de pares de estímulos, um contendo uma das frequências espaciais e o outro apenas a luminância média. Os voluntários foram orientados a escolher sempre o estímulo que continha a frequência. As crianças e adolescentes com epilepsia precisaram da ordem de 2,1; 1,2 e 1 vezes mais contraste do que as crianças e adolescentes sem epilepsia para perceber as frequências espaciais de 0,25; 2 e 8 cpg, respectivamente. A análise de variância para medidas repetidas (ANOVA) demonstrou efeito principal de grupo [F(1, 142) = 4,41); p < 0,05], efeito de frequência [F(2, 284) = 102,95; p < 0,005] e efeito de interação entre frequência e grupo [F(2, 284) = 6,25); p < 0,005]. Porém, o teste Post Hoc Tukey HSD revelou diferença significante apenas na frequência de 0,25 cpg (p < 0,05). Os resultados indicam que as crianças e adolescentes com epilepsia precisaram de mais contraste para perceber as frequências espaciais baixas, pois foram encontradas diferenças significantes na frequência de 0,25 cpg, quando comparadas às crianças e adolescentes saudáveis. Estes resultados sugerem o comprometimento da via magnocelular, responsável pelo processamento visual de baixas frequências, provavelmente consequente da terapia com carbamazepina e da epilepsia. Apoio Financeiro: CAPES, CNPq.


Palavras-chave:  EPILEPSIA, CARBAMAZEPINA, PERCEPÇÃO VISUAL DE CONTRASTE