SBNeC 2010
Resumo:C.068


Poster (Painel)
C.068Sensibilidade ao contraste visual de voluntários alcoolistas para estímulos em coordenadas polares
Autores:Rosália Carmen de Lima Freire (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Ellén Dias Nicácio da Cruz (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Olívia Dayse Leite Ferreira (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Cibele Siebra Soares (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Maria José Nunes Gadelha (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Michael Jackson Oliveira de Andrade (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Natanael Antonio dos Santos (UFPB - Universidade Federal da Paraíba)

Resumo

Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar a percepção visual de contraste de voluntários alcoolistas abstêmios, buscando investigar se o consumo crônico e abusivo de álcool acarreta prejuízos na percepção visual. Para isto, mediu-se a sensibilidade ao contraste visual de voluntários com e sem alcoolismo, para estímulos descritos em coordenadas polares: a grade radial e a grade angular. Método: Participaram dos experimentos doze voluntários de ambos os sexos. Todos apresentavam acuidade visual normal ou corrigida e estavam livres de doenças oculares identificáveis. O grupo experimental foi composto de seis voluntários alcoolistas, na faixa etária de 26 a 61 anos (M = 46,7; DP = 13,1). Estes participantes estavam em abstinência alcoolica a no mínimo um ano (M = 13,32; DP = 9,25) e consumiram álcool por em média 18 anos (M = 18; DP = 9,13). O grupo controle foi formado por seis voluntários na faixa etária de 20 a 60 anos (M = 42,78; DP = 14,2), que não apresentavam nenhum outro transtorno neuropsiquiátrico, e nem histórico de abuso de álcool. Para se medir a sensibilidade ao contraste foi utilizado o método psicofísico da escolha forçada entre duas alternativas temporais (2AFC). Neste método o voluntário tinha que escolher, entre dois estímulos apresentados na tela do monitor, qual o que continha a frequência de teste utilizada. O outro estímulo foi sempre um estímulo neutro com luminância homogênea. Todos os estímulos possuíam um diâmetro de 7,25 graus de ângulo visual. As frequências de teste utilizadas foram as frequências radiais de 0,25; 1; 2 e 8 cpg (ciclos por grau de ângulo visual), e as frequências angulares de 3; 24; 48 e 96 ciclos/360°. As medidas foram realizadas a uma distância de 150 cm da tela do monitor, binocularmente, e com luminância média de 42,6 cd/m2. Resultados: As análises com a ANOVA para medidas repetidas mostraram diferenças significativas entre os grupos, tanto para o estímulo radial [F(1,238) = 134,52; p < 0,05], quanto para o estímulo angular [F = 61,54; p < 0,05). O teste post hoc Tukey HSD mostrou diferenças significativas nas frequências radiais de 0,25; 1 e 2 cpg e nas frequências angulares de 48 e 96 ciclos/360°. Conclusões: A partir dos resultados deste estudo, pode-se concluir que as alterações visuais podem se constituir num aspecto importante do alcoolismo crônico. Ainda que os participantes alcoolistas estivessem em abstinência alcoolica em média por 13 anos, as alterações encontradas na sensibilidade ao contraste destes foram marcantes. Estas alterações podem ser devido ao grande tempo pelo qual estes participantes consumiram álcool (em média 18 anos), o que pode ter causado tanto lesões nos primeiros estágios do processamento da informação visual (ainda na retina), ou ainda, lesões em áreas do processamento visual mais elevadas, como V4 e o córtex Ínfero Temporal (IT).


Palavras-chave:  sensibilidade ao contraste, alcoolismo, estímulo grade radial, estímulo grade angular