SBNeC 2010
Resumo:F.120


Poster (Painel)
F.120Avaliação da participação da Interleucina-6 no prejuízo de memória e perda de peso induzidos pela privação de sono
Autores:Lia Assae Esumi (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Beatriz Duarte Palma (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Vanessa Leonora Gomes (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Sergio Tufik (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) ; Débora Cristina Hipólide (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo)

Resumo

Estudos com modelos animais demonstram que a privação de sono (PS) provoca inúmeros efeitos prejudiciais ao organismo, dentre eles prejuízo em processos cognitivos, como a memória, e alterações metabólicas, como a perda de peso. A PS pode ainda alterar a concentração de citocinas pró-inflamatórias, como por exemplo, a Interleucina-6 (IL-6). Esta, por sua vez, está relacionada a mecanismos de plasticidade sináptica e metabólicos, porém, sua relação com os efeitos da PS ainda precisam ser esclarecidos. Objetivo – O presente trabalho teve como objetivo estudar o envolvimento da IL-6 no prejuízo de memória e perda de peso observados em ratos privados de sono. Métodos – Em todos os experimentos ratos machos Wistar de 3 meses de idade foram privados de sono pelo Método das Plataformas Múltiplas Modificado por 96 horas, enquanto que seus respectivos controles permaneceram nas gaiolas-moradia. Para a avaliação de memória imediatamente após a PS, todos os animais foram submetidos ao treino, e, 24 horas depois, ao teste da Tarefa de Esquiva Inibitória. O peso dos animais foi registrado diariamente, às 9h da manhã. Nos experimentos 1 e 2 os animais receberam uma administração aguda de lipopolissacarídeo (LPS) nas doses 50 e 75 mcg/Kg (i.p.), 3 horas antes do treino de Esquiva Inibitória, para induzir a produção de mediadores inflamatórios. Nos experimentos 3 e 4, realizou-se o bloqueio agudo e crônico da IL-6 endógena através da administração de anticorpo (Ac) anti-IL-6 na dose 2 mcg/Kg (i.p.). A administração aguda também ocorreu 3 horas antes do treino de Esquiva Inibitória, e no regime crônico as administrações foram realizadas todos os dias do período de privação de sono. Resultados – De todas as avaliações de memória, apenas a administração de 75 mcg/Kg de LPS resultou em um efeito significativo: houve melhora do desempenho dos animais privados de sono que receberam LPS. Com relação ao peso corporal, as duas doses de LPS reduziram significativamente o peso dos grupos controle e privado de sono após 24 horas da administração. Já as administrações de Ac anti-IL-6 apresentaram efeito protetor contra a perda de peso. Na administração aguda somente os animais privados de sono que receberam o Ac não apresentaram redução significativa de peso após 24 horas da administração. Na administração crônica observou-se perda de peso significativa em ambos os grupos privados de sono (veículo e Ac). Conclusões – Os resultados sugerem a participação de mediadores inflamatórios nas alterações de memória e redução de peso em ratos privados de sono. A comparação da magnitude de perda de peso nos animais tratados com LPS e Ac anti-IL-6 sugere a participação de outros mediadores inflamatórios além da IL-6. Dados da literatura indicam que determinados moléculas do sistema imunológico participam de processos de memória, porém, o mecanismo envolvido na melhora do desempenho dos animais privados de sono tratados com LPS ainda precisa ser elucidado. A ausência de efeito significativo dos tratamentos com Ac anti-IL-6 na Tarefa de Esquiva Inibitória não descarta a possibilidade da participação desta citocina no prejuízo de memória observado neste caso, já que a IL-6 pode atuar conjuntamente com outros mediadores inflamatórios.


Palavras-chave:  Privação de sono, Sistema imunológico, Memória, Peso, Ratos