SBNeC 2010
Resumo:B.023


Oral / Poster
B.023Estrutura Sináptica da Amígdala Medial Póstero-Dorsal de Ratos Machos e Fêmeas e Influência da Lateralidade Hemisférica.
Autores:Erika Tiemi Ikeda (FMRP-USP - Universidade de São Paulo-Faculdade Medicina Ribeirão Preto) ; Janaína Brusco (FMRP-USP - Universidade de São Paulo-Faculdade Medicina Ribeirão Preto) ; Alberto Antonio Rasia Filho (UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde Porto Alegre) ; Jorge Eduardo Moreira (FMRP-USP - Universidade de São Paulo-Faculdade Medicina Ribeirão Preto)

Resumo

O complexo amigdaliano de ratos é uma estrutura heterogênea composta de diferentes núcleos e subnúcleos. O subnúcleo póstero-dorsal da amígdala medial (MePD) é sexualmente dimórfico e forma um circuito neural cujos componentes são sensíveis aos hormônios gonadais, conectando-se a vários núcleos hipotalâmicos para modular o comportamento sexual de machos e fêmeas. Além disso, dados eletrofisiológicos mostraram que o dimorfismo da MePD poderia ser dependente da lateralidade hemisférica. O objetivo do presente trabalho foi investigar as alterações produzidas pelos hormônios sexuais na ultraestrutura do neurópilo da MePD dos hemisférios direito e esquerdo de ratas em duas fases do ciclo estral, i.e., diestro e proestro. Para tanto, foram estudados os locais sinápticos, a presença de sinapses tipicamente inibitórias ou excitatórias, bem como contadas e classificadas as vesículas sinápticas de cada terminal pela microscopia eletrônica de transmissão. Foram utilizadas 4 ratas Wistar adultas (3-5 meses de idade), 2 delas em cada fase do ciclo estral estudada. Os dados estão apresentados como média e desvio padrão. A análise estatística foi realizada pelo teste do χ 2 ou pelo teste de Mann-Whitney com nível de significância estabelecido em p ≤ 0,05. Os dados são mostrados como mediana e intervalos interquartis. Foram analisadas 270 sinapses das ratas em diestro (78% do total eram excitatórias e 22% inibitórias) e 80 sinapses das ratas em proestro (78,5% do total eram excitatórias e 21,5% inibitórias). Em ambos os grupos ocorreram espinhos dendríticos recebendo sinapses inibitórias (entre 6 e 10% do total de sinapses inibitórias estudadas) e espinhos multisinápticos, os quais recebiam mais de uma sinapse ao mesmo tempo. O padrão de distribuição sináptica quanto ao local e tipo de sinapse sobre esses locais não mostrou diferença estatística significante entre os grupos (p > 0,05). Da mesma maneira, não houve diferença significativa quanto ao número de vesículas sinapticas elétron-densas grandes ou pequenas presentes nesses terminais (p > 0,05). Fêmeas em diestro apresentaram maior densidade de vesículas sinápticas totais no terminal pré-sináptico ⟨ 233,59 (173,57 ⁄ 306,93) ⟩ do que fêmeas em proestro ⟨ 194 (152,3 ⁄ 268); p = 0,004 ⟩ . Da mesma maneira, fêmeas em proestro apresentaram um numero maior de vesículas sinápticas ancoradas ao terminal pré-sináptico ⟨ 1 (0 ⁄ 2) ⟩ quando comparadas com as fêmeas em diestro ⟨ 1 (0 ⁄ 1); p < 0,01 ⟩ e o número de vesículas envoltas em clatrina também foi maior em fêmeas em proestro ⟨ 3 (2 ⁄ 5) ⟩ do que em fêmeas em diestro ⟨ 1 (0 ⁄ 2,25); p < 0,01 ⟩ . Os dados aqui apresentados sugerem que existe uma maior atividade sináptica, demonstrada pela liberação das vesículas sobre os neurônios da MePD, na fase do proestro em comparação com a fase de diestro. Além disso, o relato de sinapses inibitórias sobre espinhos e de espinhos multisinápticos é totalmente novo para essa região cerebral, o que é importante para o entendimento do processamento da informação sináptica na área. Os dados aqui obtidos auxiliarão na compreensão da ação dos hormônios gonadais nos neurônios dessa região e o papel integrado da MePD dentro dos circuitos envolvidos com a modulação do comportamento reprodutivo de ratas.


Palavras-chave:  Amígdala Medial, Ciclo Estral, Dimorfismo Sexual, Lateralidade, Microscopia Eletrônica