SBNeC 2010
Resumo:F.039


Poster (Painel)
F.039Papel das aferências dopaminérgicas ao estriado dorsal na memória aversiva avaliada pelo condicionamento de medo ao som
Autores:Marcelo Tognato Ximenes (UFABC - Universidade Federal do ABC) ; Sara Joyce Shammah Lagnado (USP - Universidade de São Paulo - Dep. Fisiologia e Biofísica) ; Maria Gabriela Menezes de Oliveira (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo - Dep. Psicobiologia) ; Tatiana Lima Ferreira (UFABC - Universidade Federal do ABC)

Resumo

Objetivo: O núcleo central da amígdala (CeA), uma estrutura crítica na memória emocional, se projeta para a substância negra compacta (SNc) e para o núcleo retrorrubral (RR), que fornecem aferências dopaminérgicas e não dopaminérgicas ao estriado dorsal (DS). O DS está envolvido em vários processos de aprendizagem e memória, tais quais a memória de procedimento, a aprendizagem de hábitos, a associação com recompensa e a aprendizagem emocional. Trabalhos prévios verificaram que o DS e as projeções do CeA para o DS estão envolvidos na mediação do condicionamento clássico de medo ao som, mas não do condicionamento de medo ao contexto. A proposta do presente estudo é de avaliar o papel das projeções dopaminérgicas ao DS na tarefa de condicionamento de medo ao som. Métodos e Resultados: Ratos wistar machos foram submetidos à lesão bilateral do estriado dorsal pela injeção de 6 hidroxi-dopamina (6-OHDA), de forma que os neurônios dopaminérgicos fossem lesados. Sete dias após as cirurgias, os animais foram submetidos ao treino de condicionamento de medo ao som, onde receberam 5 pareamentos som-choque (60db/30s – 1mA/1s, ITI; 30s) e testados 24hs (Teste 1), 7 dias (Teste 2) e 14 dias (Teste 3) depois em um novo ambiente, onde receberam após 3 minutos 5 sons, sendo anotado o tempo de congelamento/min. Os resultados encontram-se expressos em Média +/- Erro Padrão. A análise dos resultados não revelou diferença significativa entre os grupos controle e os lesados. Teste 1 (7 dias após a cirurgia): Controle n=8: min1=(4,50 ± 3,00), min2=(9,25 ± 5,82), min3=(11,37 ± 5,52), Lesados n=10: min1=(7,50 ± 3,42), min2=(9,60 ± 4,63), min3=(12,30 ± 5,83). Controle: min4=(39,37±5,37), min5=(51,87 ± 4,01), min6=(52,25 ± 4,40), Lesados: min4=(37,70±5,37), min5=(49,00 ± 4,01), min6=(50,80 ± 4,40). Teste 2 (7 dias após a cirurgia): Controle: min1=(2,87 ± 2,46), min2=(7,25 ± 4,55), min3=(12,25 ± 6,35), Lesados: min1=(1,00 ± 0,89), min2=(7,10 ± 2,26), min3=(15,30 ± 5,75). Controle: min4=(46,75 ± 5,58), min5=(48,62 ± 6,68), min6=(46,37 ± 7,17), Lesados: min4=(48,70 ± 5,67), min5=(50,20 ± 5,61), min6=(46,70 ± 5,81). Teste 3 (14 dias após a cirurgia): Controle: min1=(8,25 ± 5,36), min2=(14,75 ± 8,30), min3=(14,62 ± 8,25), Lesados: min1=(1,20 ± 0,69), min2=(4,90 ± 4,24), min3=(18,00 ± 1,18). Controle: min4=(36,00 ± 6,78), min5=(44,12 ± 6,39), min6=(34,75 ± 8,48), Lesados: min4=(33,40 ± 4,99), min5=(42,40 ± 4,67), min6=(28,70 ± 4,37). Nossos trabalhos anteriores verificaram que lesões pré-treino e pré-teste no DS prejudicam o desempenho na tarefa de medo condicionado ao som. No entanto, no presente experimento não foram observados déficits comportamentais nos animais lesados seletivamente para neurônios dopaminérgicos nesta mesma estrutura. A ausência de prejuízo poderia sugerir que os efeitos observados anteriormente não foram decorrentes de um papel da neurotransmissão dopaminérgica no DS. No entanto, vários trabalhos da literatura sugerem uma participação da dopamina neste tipo de memória, pois a administração de agonistas e antagonistas do sistema dopaminérgico interferem na aquisição e expressão do condicionamento de medo. No próxima etapa tentaremos realizar uma lesão maior deste sistema e avaliar os efeitos na memória emocional.


Palavras-chave:  Memória emocional, Dopamina, Amígdala, Estriado Dorsal, Condicionamento Clássico