Resumo

Objetivos: Investigamos em 3 experimentos se o ruído visual, ou a menor saliência dos estímulos, é um fator crítico para a mobilização automática da atenção por um estímulo visual periférico. Métodos: Em cada experimento testamos 12 adultos jovens em uma tarefa de tempo de reação de escolha. Em cada tentativa havia sempre um estímulo precedente e um estímulo alvo. O estímulo precedente (E1) era um anel que aparecia à esquerda ou à direita do ponto de fixação central por 17 ms. O estímulo alvo (E2) era uma linha vertical com duração de 34 ms, que aparecia 50% das vezes do mesmo lado que o E1 e 50% das vezes do lado oposto. O participante deveria responder com a mão do mesmo lado do E2. As assincronias entre o início dos estímulos (AIE) foram de 50, 100, 150, 200 e 250 ms. No Experimento 1 o fundo da tela, onde os estímulos eram apresentados, era branco, não havendo portanto ruido sensorial. Nos Experimentos 2 e 3 linhas verticais e horizontais constituíram o fundo desta tela, formando um padrão quadriculado. No Experimento 2 essas linhas eram cinza claro, constituindo um ruido sensorial baixo, e no Experimento 3 eram cinza escuro, constituindo um ruido sensorial alto. Resultados: Nos Experimentos 1, 2 e 3 observamos redução do tempo de reação com o aumento das AIE (média ± e. p. m. para as AIEs de 50 a 250 ms, Experimento 1: 360±7, 332±8, 314±9, 305±7 e 299±8 ms, p<0,01; Experimento 2: 371±13, 345±12, 326±12, 314±11 e 307±11 ms, p<0,01; Experimento 3: 390 ±11, 357 ± 9, 344 ± 10, 324 ± 8 e 324 ± 9 ms, p<0,001). Nos Experimentos 1 e 2 não houve efeito atencional (p=0,62 e p=0,17, respectivamente). No Experimento 3 houve efeito atencional (média ± e.p.m.: 9 ± 7, 14 ± 6, 16 ± 6, 21 ± 8 e 21 ± 10 ms para as AIE de 50 a 250 ms respectivamente; p < 0,05). Conclusões: O ruído sensorial, ou a menor saliência dos estímulos, é um fator importante para a mobilização automática da atenção por um estímulo visual periférico.