SBNeC 2010
Resumo:J.003


Prêmio
J.003EFEITOS DO DIÓXIDO DE CARBONO E CIANETO DE POTÁSSIO SOBRE OS LIMIARES DAS RESPOSTAS DE DEFESA INDUZIDAS PELA ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA DA MATÉRIA CINZENTA PERIAQUEDUTAL DORSAL DE RATOS
Autores:Fagna Giacomin Schimitel (UFES - Universidade Federal do Espírito Santo) ; Luiz Carlos Schenberg (UFES - Universidade Federal do Espírito Santo)

Resumo

Os ataques de pânico são precipitados pela infusão de lactato de sódio (0,5M) ou inalação de dióxido de carbono (CO2 5%) em pacientes com transtorno de pânico. Contudo, estes agentes são inócuos em indivíduos sadios. Com base nestas e outras evidências, sugeriu-se que os ataques de pânico sejam devidos a um alarme falso de sufocamento. Por outro lado, as respostas de defesa produzidas pela estimulação da matéria cinzenta periaquedutal dorsal (MCPAd) têm sido propostas como modelo de ataque de pânico. Observações casuais mostraram que doses subletais de cianeto de potássio (KCN) produzem respostas similares às de fuga no rato. Portanto, este estudo verificou os efeitos comportamentais do CO2 e KCN, tanto isoladamente quanto combinados à estimulação ou lesão da MCPAd. Primeiramente, realizou-se a análise dos efeitos comportamentais do estímulo elétrico (0-60&muA), CO2 (0-13%) e KCN (10-80&mug, E.V.), isoladamente. Em seguida, as respostas de defesa à estimulação elétrica da MCPAd foram avaliadas na presença de CO2 (8% ou 13%) ou durante a infusão de KCN (20&mug). Os efeitos do CO2 e KCN foram comparados aos controles estimulados em atmosfera normal ou injetados com salina. No dia seguinte ao teste com KCN, a MCPAd foi lesionada por corrente anódica e, 24h após, os ratos foram injetados com uma dose elevada, porém subletal, de KCN (80&mug). Curvas intensidade e dose-efeito foram avaliadas por análise logística de limiares e testes do chi-quadrado da razão de verossimilhanças. Os efeitos do KCN antes e após a lesão foram analisados pelo chi-quadrado de Pearson. A exposição isolada ao CO2 produziu uma imobilidade hiporreativa. Em contraste, o KCN produziu todas as respostas de defesa. Por outro lado, enquanto o CO2 aumentou os limiares de exoftalmia, imobilidade, trote e galope induzidos pela estimulação da MCPAd, o KCN facilitou o trote e o galope. A lesão da MCPAd aboliu as respostas ao KCN de imobilidade, galope e salto e causou a atenuação acentuada do trote e exoftalmia. Estes resultados apóiam o envolvimento da MCPAd em um mecanismo de alarme de sufocamento. Como nos resultados em humanos sadios, a hipercapnia não causou nenhuma resposta típica de defesa nos ratos Wistar. Dados da literatura mostram que a hipercapnia promove uma ativação acentuada do núcleo dorsal da rafe (NDR) e da MCPA ventrolateral (MCPAvl), cuja estimulação produz imobilidade hiporreativa. Portanto, a imobilidade hiporreativa evocada pela MCPAvl é compatível com a ativação predominante desta estrutura durante hipercapnia. Este padrão é oposto àquele induzido pelo KCN ou pela estimulação da MCPAd. Resultados publicados mostram que a atividade neuronal da MCPAd é inibida pela estimulação da MCPAvl e NDR. Existem evidências que estes efeitos são mediados em parte, pelas projeções serotonérgicas do NDR à MCPAd. A ativação da MCPAvl e do NDR pelo CO2 poderia, portanto, antagonizar as repostas defensivas decorrentes da ativação da MCPAd pela informação quimiorreceptora periférica. Contrariamente, como a hipóxia ativa apenas a MCPAd, o KCN elicia todos os comportamentos de defesa do rato. De acordo com este modelo, a disfunção das projeções inibitórias da MCPAvl ou do NDR à MCPAd, desmascararia os efeitos excitatórios do CO2 na última estrutura, resultando nos ataques de pânico em pacientes com este transtorno. Portanto, nossos resultados sugerem que os pacientes de pânico apresentam essa disfunção, respondendo ao CO2 como se tivessem sido expostos à hipóxia ou KCN.


Palavras-chave:  Cianeto de potássio, Dióxido de carbono, Estimulação elétrica, Matéria cinzenta periaquedutal, Transtorno do pânico