SBNeC 2010
Resumo:C.002


Prêmio
C.002A desnutrição atual e a pregressa em crianças aumentam o limiar de contraste para estímulos em coordenadas cartesianas e polares
Autores:Caroline Alencar (USP - Universidade de São Paulo) ; Michael Andrade (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Gilton Cirne (UFPB - Universidade Federal da Paraíba) ; Natanael Santos (UFPB - Universidade Federal da Paraíba)

Resumo

A desnutrição é uma inadequação nutricional que diminui muitas funções cognitivas, incluindo a percepção visual. Como a desnutrição atual se refere a uma inadequação nutricional recente, enquanto a desnutrição pregressa se refere a uma inadequação nutricional durante o período crítico de desenvolvimento do sistema nervoso seguido de recuperação, elas devem alterar o sistema visual de maneiras diferentes. Nós medimos os efeitos da desnutrição atual e pregressa no limiar de contraste (sensibilidade ao contraste-1) para estímulos em coordenadas cartesianas e polares. Muitos estudos mostraram que os estímulos em coordenadas cartesianas provavelmente são processados em áreas visuais mais iniciais do que os estímulos em coordenadas polares. Sessenta crianças de 7 a 10 anos (media=8,9; desvio padrão=1,0) foram classificadas em eutróficas (E), n=20; desnutridas atuais (DA), n=18; e desnutridas pregressas (DP), n=22, de acordo com os registros da Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba e dos critérios antropométricos de Waterlow. O limiar de contraste foi medido utilizando-se o método psicofísico da escada com escolha forçada entre duas alternativas temporais, a uma distância de 150 cm do estímulo, binocularmente, com luminância média de 40,1 cd/m2. As análises estatísticas (ANOVA One Way), aplicadas ao limiar de contraste cartesiano mostrou diferenças significantes entre os grupos (F(8,54)=7,07; p<0,05; η2=0,52) e interação (F(4,27)=139,83; p<0,05, η2=0,96). O teste post hoc Unequal N HSD mostrou que as crianças DA foram 1,6 e 1,8 vezes menos sensíveis do que as crianças E e DP, respectivamente, para a frequência de 8,0 ciclos por grau (cpg) de ângulo visual. As crianças DP foram 2,4 e 1,9 vezes menos sensíveis do que as E e DA, respectivamente, para a frequência de 0,25 cpg; 6,0 e 6,2 vezes menos sensíveis para a frequência de 1,0 cpg; 5,4 e 5,2 vezes menos sensíveis para a frequência de 2,0 cpg. As mesmas análises estatísticas aplicadas ao limiar de contraste polar mostraram diferenças significantes entre os grupos (F(8,36)=4,90; p<0,05; η2=0,52) e interação (F(4,18)=262,55; p<0,05, η2=0,98). O teste post hoc Unequal N HSD mostrou que as crianças DA foram 1,4 e 1,7 vezes menos sensíveis do que as crianças E e DP, respectivamente, para a frequência de 1 cpg; 1,4 vezes menos sensíveis para a frequência de 2,0 cpg e 1,1 vezes menos sensíveis para a frequência de 8,0 cpg do que as E. As DP foram 1,6 e 1,5 vezes menos sensíveis do que as E e DA, respectivamente, para a frequência de 8,0 cpg. Esses resultados sugerem que a desnutrição atual e a pregressa diminuem a sensibilidade ao contraste cartesiana e polar em crianças. Os efeitos diferentes observados são provavelmente devido ao período de desnutrição e ao estado de maturação das áreas visuais que estão envolvidas no processamento dos estímulos utilizados neste estudo. Instituição de Fomento: FAPESP e CNPq


Palavras-chave:  desnutrição atual, desnutrição pregressa, sensibilidade ao contraste, processamento visual