SBNeC 2010
Resumo:C.015


Poster (Painel)
C.015Aumento de NGF no Córtex Visual em Dois Modelos Experimentais de Infecção por Schistosoma mansoni
Autores:Daniel Valle Vasconcelos Santos (UFPA - Universidade Federal do Pará) ; Izabel Raimunda de Carvalho Rodrigues (IEC - Instituto Evandro Chagas) ; Manoel da Silva Filho (UFPA - Universidade Federal do Pará)

Resumo

A esquistossomose é uma doença tropical causada, principalmente, pelo trematódeo Schistosoma mansoni, sendo que sua ocorrência afeta, mundialmente, 110 milhões de pessoas. O caso mais comum de lesão ectópica causada pela deposição dos ovos do parasita ocorre no sistema nervoso central (SNC) o qual leva à formação de granulomas com conseqüente aumento da produção do Fator de Crescimento Neuronal (NGF). Uma vez que muitos estudos demonstram a importância do NGF no desenvolvimento das vias corticais visuais, em particular a formação das colunas de dominância, nosso estudo visou avaliar o nível de aumento dos níveis de NGF no sistema visual. Nós investigamos o curso temporal deste aumento em animais suscetíveis (camundongos) e resistentes (ratos) à infecção. Foram utilizados 53 ratos (Hooded Lister) e 23 camundongos albinos criados e mantidos em gaiolas e alimentados ad libitum. Esses animais foram inoculados, logo após o nascimento, com 250 a 800 cercárias. Seis ratos e dez camundongos foram inoculados com solução salina e constituíram o grupo controle do estudo. Os períodos de infecção abrangeram uma a 48 semanas. Amostras do fígado e córtex visual foram retiradas, extraídas e quantificadas com kit de imunoensaio (ChemiKineTM Nerve Growth Factor (NGF) Sandwich ELISA Kit - Chemicon International). Os resultados foram expressos como média ± desvio padrão. Utilizamos teste t de Student para determinar diferenças estatísticas entre os grupos estudados. O valor médio de NGF encontrado no córtex visual de ratos infectados foi 162,1% maior do que no grupo controle (infectados: 460,1 ± 180,3 pg/mL; controle: 283,9 ± 130.4 pg/mL; p < 0,001). Nas amostras de fígado, o aumento foi 128,9% maior no grupo infectado (infectados: 340,9 ± 103,9 pg/mL; p < 0,001; controle: 264,4 ± 105,9 pg/mL). Nenhum aumento significativo foi detectado antes de uma semana de infecção. Entre os camundongos, o aumento de NGF na área visual foi de 194,1% (infectados: 478,4 ± 286,4 pg/mL; p < 0,001; controle: 246,5 ± 104,6 pg/mL). No fígado destes animais o aumento foi de 186,5% (infectados: 561,8 ± 260,7 pg/mL; p < 0,001; controle: 301,3 ± 156,7 pg/mL). Este trabalho mostrou que a reação de produção de NGF no SNC ocorre mais rapidamente em modelos resistentes do que nos suscetíveis. Estes modelos experimentais permitem o uso de amostras cerebrais em momentos específicos após a infecção e são desta forma, ferramentas importantes para a identificação dos mecanismos envolvidos na neuroesquistossomose. Diante destes dados, um estudo das possíveis repercussões visuais causadas por infecções parasitárias, tais como a esquistossomose, é necessário para avaliar o real dano causado pelo aumento patológico do fator de crescimento neuronal nas vias visuais de mamíferos.


Palavras-chave:  Córtex visual, NGF, Schistosoma mansoni, Rato, Camundongo